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“A QUÍMICA DA MENTE PRODUTIVA” – O que diferencia as pessoas mais eficientes?
As revelações da neurociência não param de chegar. Isso é muito bom!
A neurociência é um dos segmentos das ciências que mais tem trazido notícias interessantes, reveladoras e alentadoras. Considerando que ela congrega muitas áreas do conhecimento, que descreve o estudo científico dos mecânicos do sistema nervoso central, tendo como um dos focos principais o estudo do cérebro, e considerando ainda que desvendar o cérebro, este órgão tão importante e ainda pouco conhecido, traz natural interesse para todos nós, é esperado que as descobertas daí decorrentes sigam avançando e coloquem a neurociência em permanente evidência. E é nesse contexto que faço mais uma postagem sobre o tema, com o intuito de manter os leitores/seguidores informados, atualizados e, de certa maneira, também animados, como tem acontecido comigo!
Vou fazer referência à primorosa matéria “A química da mente produtiva”, capa da revista EXAME, edição 1155, de 21/2/2018. Apesar de a motivação principal da matéria ser o comportamento humano nos ambientes de trabalho, dando ênfase para fatores que promovem alto desempenho dos trabalhadores, as informações e achados da publicação, referenciados em diversas pesquisas multidisciplinares e depoimentos, têm ampla aplicação, até mesmo em relação ao comportamento e produtividade de qualquer pessoa no que respeita à sua vida e interesses particulares.
A par da riqueza dessas revelações sobre o funcionamento da mente humana, fiz destaque dos pontos que julguei mais pertinentes, compreendendo performance, qualidade de vida e plenitude do indivíduo, entendendo que possam contribuir, em especial, para melhor compreensão a respeito de funcionamento de determinadas áreas do cérebro, da produção de hormônios que impactam diretamente na química cerebral, dos benefícios com a prática da meditação, entre outros aspectos significativos.
Assim, seguem minhas anotações, que vão compiladas em tópicos específicos, independentemente da ordem em que as informações aparecem na referida matéria.
A lógica do custo-benefício
Sabe aquele princípio da relação custo-benefício, tão utilizado quando vamos adquirir alguma coisa ou tomar determinadas decisões, observa-se, a partir do conteúdo dessa publicação, que também se aplica para o comportamento e desempenho individual. Segundo os pesquisadores da neurociência, inconscientemente estamos o tempo todo buscando recompensas e tentando nos proteger de ameaças.
Os neurotransmissores, ou hormônios, entram em cena (alguns tipos e efeitos práticos)…
Ameaças (sensação de insegurança) desencadeiam estresse (hormônio cortisol), comprometendo a atenção e o raciocínio, pela interferência no córtex cerebral.
Recompensas desencadeiam a produção do hormônio dopamina, ativando o foco, a memória, o entusiasmo e a inclinação para assumir riscos.
O hormônio ocitocina, por seu lado, proporciona aumento da criatividade, da capacidade de colaboração e da disposição de se submeter a sacrifícios. “Descobrimos que a ocitocina é a base das relações de confiança.”
A propósito, acrescento que, segundo diversas publicações disponíveis, são quatro os chamados hormônios da felicidade, aqueles que ativam no cérebro a sensação de prazer, de bem-estar e de relaxamento: endorfina, oxitocina, dopamina e serotonina.
As mulheres, naturalmente, produzem mais ocitocina.
Por seu turno, os hormônios testosterona e cortisol (este liberado em situação de estresse) inibem a produção de ocitocina. Isso pode estimular o egoismo e bloquear a leitura das emoções alheias. Níveis elevados de testosterona levam a pessoa a gostar de correr riscos e ter status.
Existem mais de 85 bilhões de neurônios no cérebro humano.
O fator confiança e a produtividade
A maior confiança entre as pessoas tende a tornar os ambientes mais produtivos. Há maior produção de ocitocina, contribuindo para o aumento da empatia, colaboração, compartilhamentos etc.
Com efeito, o economista Paul Zak, renomado pesquisador mundial no campo da neurociência aplicada ao comportamento social, também autor do livro Trust Factor: The Science of Creating High Performance Companies, mediu o nível de confiança de funcionários em 300 empresas. Além de apresentar uma série de conclusões, ele afirma que a produtividade (e o lucro) são maiores nas empresas em que as pessoas confiam umas nas outras.
O estado de fluxo é lógico e deve ser buscado por todos
O FLOW, ou estado de fluxo, foi descrito por psicólogos norte-americanos nos anos 1990, mas ultimamente vem sendo investigado em maior amplitude no contexto da neurociência. É um estado alterado da química e da frequência elétrica do cérebro, observado quando há concentração total em determinada atividade, comum em artistas e atletas. Não se percebe o tempo passar e as ideias fluem livremente. Pode ocorrer quando se tem habilidades necessárias para cumprir uma tarefa cujo desafio nem é tão grande, que gere ansiedade, nem tão baixo, que gere tédio ou apatia.
Estudos mostram que nesse estado há alteração na frequência das ondas cerebrais e aumento da circulação de moléculas como endorfina e serotonina (dois dos chamados “hormônios da felicidade”). Para chegar ao estado de fluxo, é preciso de 60 a 180 minutos sem interrupções.
Segundo a líder global da área de prática organizacional da consultoria MacKinsey, a alemã Julia Sperling, os executivos acompanhados por mais de uma década eram cinco vezes mais produtivos quando estavam no estado de flow.
Sobre estresse e plasticidade cerebral (novo paradigma)
O estresse crônico, entre outros efeitos prejudiciais, diminui o tamanho dos telômeros, um componente dos cromossomos que protege o DNA, e isso aumenta o risco do desenvolvimento de diversas doenças. Uma delas é a depressão.
Plasticidade cerebral – Hoje há evidências suficientes de que o volume e a potência do cérebro humano aumentam ou diminuem – do início ao fim da vida – conforme as experiências. Essa é uma quebra do mito de que havia uma janela de plasticidade na juventude que se consolidava com o tempo.
Quero enfatizar que termos aí uma das descobertas mais animadoras dos últimos tempos. Sabemos agora que o cérebro segue se desenvolvendo, independentemente da idade cronológica. Assim, quanto mais aprendemos coisas novas, nos desafiamos e desenvolvemos o intelecto, mais neurônios são produzidos. Eis, portanto, um dos segredos para que sigamos com a mente jovial tantas vezes mencionada em minhas publicações anteriores!
Meditação: os benefícios são reconhecidos também pelas corporações
Centenas de pesquisas em centros respeitados, como a Universidade Harvard, comprovaram mudanças estruturais no cérebro com a prática contínua da meditação. Foi observado aumento da densidade do hipocampo, área do cérebro relacionada à memória e ao aprendizado.
A organização Google, para incentivar os funcionários a meditar, criou o Instituto de Liderança Busque Dentro de Si Mesmo (Serach Inside Yourself Leadership Institute). Já oferece treinamento para outras organizações.
Também, na Johnson & Johnson, foi criado curso de meditação, com ênfase para a saúde integral (aspectos físico, mental, emocional e espiritual), no rol dos treinamentos voltados para a alta performance humana. Segundo a companhia, os funcionários que passaram pelo treinamento têm 18% mais chances de alcançar avaliação máxima de desempenho e 25% mais de receber uma promoção no ano seguinte.
Os pesquisadores Matthew Killing-sworth e Daniel Gilbert, da Universidade Harvard, sugerem que os indivíduos que mantêm atenção total no momento presente têm maior satisfação pela vida.
Por tudo isso, e tendo em conta que vamos viver mais, em virtude da progressiva elevação da expectativa de vida, desejo que esse conjunto de informações e conhecimentos lhe seja útil, contribuindo para uma longevidade ativa, produtiva, realizadora e com qualidade de vida!
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Incontestáveis são os benefícios da meditação. Muito boa a matéria!
É verdade, caro Othon. A meditação é um recurso de ajuda fantástico, para muitas finalidades. É tudo de bom!
Grato pelo feedback!
Abraço.
Com que felicidade, precisão e forma de ajudar os leitores, meu caro Dattoli, você abordou tema de tamanha importância, pelo que está sempre a merecer nossos parabens. Nossa longevidade, na plenitude de nossas faculdades mentais, sob a alegria de se ver o quanto nosso cérebro se desenvolve à medida em que aprendemos coisas novas, .é uma realidade. Seu trabalho, como uma belíssima
mensagem de ajuda, há de levar muita gente a reformular conceitos de velhice, vendo
que o que em verdade existe é um ciclo biológico, que pode ser cumprido, todo ele, na plenitude de nossas funções mentais e no melhor de nossa produtividade intelectual.
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Oh, amigo Landim, muito grato pelo comentário, pelos acréscimos e pela costumeira generosidade!
Forte abraço.
Quando alcançarmos, um maior domínio sobre essa química, certamente evoluiremos em todos os aspectos.
Sim. Mas depende muito de nós, fundamentalmente da nossa autoconsciência e equilíbrio emocional. A evolução passa por aí!
Grato, Sérgio, por comentar!
Adorei o seu texto, com matéria e informações muito importantes! Estamos sempre a aprender algo!
Que bom, Dulce. O propósito é este mesmo: passar informações que contribuam para o conhecimento e a evolução do leitor. Obrigado pela sua presença e participação de sempre!
Abraço.
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