É motivo de reiterada alegria constatar a boa forma e a condição de plenitude do querido José Paes Landim, esse baiano de Formosa do Rio Preto, dileto amigo e ex-colega de carreira profissional, notadamente quanto à sua admirável altivez, dinamismo e mentalidade positiva.
Esse jovial nonagenário segue praticando atividades físicas e intelectuais, igualmente participando de interações sociais com o uso de recursos tecnológicos no âmbito da internet. Portanto, vai se adaptando, minimamente, aos recursos mais modernos hoje disponíveis. Assim, demonstra disposição para aproveitar e celebrar a vida a cada dia, em cujo embalo encontra inspiração para, entre outras atitudes e hábitos elogiáveis, escrever suas crônicas quinzenais, regularmente publicadas em destacado jornal da capital baiana.
Não por acaso, o estilo de viver do estimado Landim mereceu destacado registro no meu livro LONGEVIDADE, publicado em 2017, sobretudo para servir de exemplo e de estímulo às pessoas que, com o avançar da idade cronológica, vão experienciar a etapa da aposentadoria, da maturidade e de mais disponibilidade de tempo livre, fase da vida que não pode e não deve ser desperdiçada. Muito pelo contrário!
Assim é que, para ilustrar a mentalidade jovial e positiva desse incrível cidadão, reproduzo sua mais recente crônica, publicada no Jornal A Tarde, dois dias atrás, com o título “O renascer no avanço dos anos”.
Trata-se de mensagem otimista, ou melhor, auspiciosa, com um recado bem marcante: idade passada não constrói velhice, não necessariamente!
Como sempre procuro afirmar, a idade que conta, para valer, é a da mente, a idade psicológica. Significa dizer que é a mentalidade cultivada pelo indivíduo, seus sonhos, suas atitudes e forma de encarar a vida que fazem a diferença. Essa lógica é animadora, por ser ela bastante plausível, conforme a ciência vem evidenciando dia após dia. Convenhamos, a velhice, para muitos, pode ter conotação mais psicológica e pode decorrer, em grande medida, de comandos mentais com significados em sentido contrário, cultivados na lamentação, no pessimismo, na procrastinação crônica, no conformismo excessivo, na teimosa passividade…
Eis aí a referida crônica, que vai transcrita por autorização do autor. São gotas de inspiração para uma maturidade plena, para a qual precisamos estar despertos, permanentemente!
Confira:

“O renascer no avanço dos anos
Contemplamos com alegria o despertar de um novo conceito sobre os idosos, diferenciando-os, justificadamente, dos velhos, posto que, enquanto estes fixam seu olhar para baixo, debruçados sobre si mesmos, em lamentações, sem norte e sem esperança, os idosos, conscientes do seu potencial cognitivo, projetam-no para o alto ao encontro de novas manhãs.
Não nos é surpresa vermos em muitos jovens verdadeiros velhos, assim como, em proporção igual, não nos surpreende vermos em tantos velhos vigorosos jovens, vibrantes, alegres, vivendo, no melhor de suas faculdades mentais, uma longevidade saudável e produtiva.
Dentro desse contexto, como não se condenar ver-se alguém chamar de velha uma pessoa de idade avançada? Teríamos esquecido de que velho, como adjetivo, cheirando imprestabilidade etc., só deveria ser empregado em se tratando de objetos, jamais de pessoas?
Há momentos em nossa vida que nos apraz relembrá-los, a exemplo dos quantos sonhos represados lá atrás, alimentados por pessoas, que, dando prioridade às suas obrigações de trabalho enquanto na ativa, só puderam realizá-los no segundo momento ao longo de sua aposentadoria, fazendo-a mais rica e mais prazerosa.
Trazendo a lume tais colocações, confesso que não me move outro propósito, ao fazê-lo, senão o de, recolocando os idosos no lugar que merecem, pedir àqueles de semelhantes faixas etárias que se disponham, caso ainda não o tenham feito, a colocar suas experiências de vida e do saber, em parceria com a ética, na defesa de causas nobres em nome do Brasil com que sonhamos.
Por outro lado, é extremamente lamentável não estarmos falando de todos os idosos, pois que, como poderiam aqueles, sem as mínimas condições financeiras, em meio a outras privações, alcançar e viver uma longevidade saudável e produtiva?
Abstraindo-se tal realidade, voltemos aos idosos em condições ideais, para, em reforço ao nosso pedido anterior, se engajarem em atividades que lhes deem prazer, especialmente aquelas que possam contribuir para a cultura e para o bem-estar coletivo.
Tornar-se-á ainda mais enriquecedor seu viver, se souberem canalizar suas energias e ditas experiências para uma filosofia de vida, que tenha a própria vida como um Bem Maior, naquilo que ela tem de belo a nos contemplar, como as boas amizades, mas que tenham, também, como apanágio, o canto, a música e a boa leitura, sem se esquecerem dos exercícios físicos.
Ao se sentirem jovens, na sua capacidade de sorrir e de sonhar, na sabedoria de fazerem bonitas todas as manhãs e na sua maturidade em não permitirem que lhes fujam os horizontes, está outro segrego enriquecedor do seu viver.
Sobra-lhes ainda a liberdade de optarem pelo que lhes dê maior prazer em afinidade com a criancinha pura e feliz que mora dentro de cada um de nós.“
Se entregar a velhice é como se desistir de tudo.
Assumir a idade, sim, mas procurar levar a vida saudável e tentando se melhorar e superar problemas.
Uma visão perfeita da realidade das pessoas que envelhecem ativas e participativas. A vida do idoso pode ser muito mais leve se o processo se der de forma organizada. Este texto serve à meditação em todas as faixas etárias. Parabéns pela publicação e ao autor pela aula de bem viver.
Ok, Sandra, transmitirei. Grato pelo comentário!
Exatamente, estimada Lúcia!
Pegando a parte final do seu comentário, vale assinalar que ninguém tem a vida 100%, todos têm problemas a enfrentar/superar, notadamente na idade mais avançada. O grande diferencial é a forma como a pessoa encara os problemas. Portanto, mentalidade positiva e ânimo sempre farão bem, pois são “vitaminas” para a manutenção de uma mente jovial!
Abraço
Pois é….trata-se mais de uma postura mental não é mesmo?
Já demos aulas para idosos acima dos 80 anos que não puderam estudar violino antes na vida então foram realizar seus sonhos mais tarde. E conseguiram tocar direitinho! Aprenderam! E ficaram felizes…. Eles são os exemplos que mais vimos de perto.
Muito boa a reflexão!
Abraço
Catarina e Carolina
Isso mesmo, professoras Catarina e Carolina. A idade por si só não pode ser limitadora! Grato pelo comentário, abraços
Excelentes dicas. Sobre o tema, trago aqui uma humilde contribuição de minha sábia mãe, publicadas no meu último livro:
“Não consigo me imaginar sentada numa cadeira de balanço, esperando a vida passar, acorrentada no passado, eu que passei pelo tempo, pois a cada momento, vivi.
Talvez a esperança de conservar meu espírito jovem e a alegria de viver permitem que a velhice não me assuste.
Não vou querer sair da roda-viva com a desculpa de que devo dar lugar aos jovens (eles sempre encontrarão seu lugar). Quero, de fato, conviver com eles, para transmitir-lhes o que de experiência aprendi nesses longos anos e sentir neles a energia que me permite continuar vivendo.
Não quero fazer parte de uma cama ou cadeira, ou simplesmente me fixar em linhas e agulhas, fazendo tricô para os netinhos.
Quero sentir a minha pele enrugada, meus cabelos brancos, meus passos incertos, pois já não serei jovem, mas quero continuar sendo útil, com tudo que a prendi e vivi.
Quero viver neste mundo enquanto puder sorrir, sentir o carinho dos que amo, distinguir o amanhecer, o canto dos pássaros, sentir o crepúsculo, sentir o som musical de um poema ou canção e o perfume de uma flor.
Em suma, envelhecer em harmonia com a vida. Só assim serei feliz.”
Que maravilha, Marden, muito oportuna essa transcrição que você nos trouxe. A Dona Edla Soares, também conhecida como Borboleta, ou Borbulhinha, deixou um extenso legado de sabedorias, conforme muito bem referido no seu excelente livro Parábolas da Borboleta. Valeu amigo, obrigado, você enriqueceu o post!