Está aí um assunto merecedor de divulgação e também do devido cuidado, para que possa ganhar a necessária atenção, para que as pessoas tomem consciência sobre essa realidade, para que, em nome da modernidade, segurança e agilidade de transações e processos – princípios estes indiscutivelmente desejáveis e importantes – não se pratiquem alguma forma de descaso, de discriminação disfarçada e mesmo de exclusão para com as pessoas mais idosas. Lembremos, a propósito, que a faixa da população contando idade 60+ cresce firme e significativamente.
Dou destaque, nesse contexto, a oportuno movimento de protesto motivado por dificuldades de atendimento bancário que estariam sendo enfrentadas por cidadãos idosos, diante do avanço do oferecimento de serviços e produtos exclusivamente digitais, online, implantados com a eliminação dos atendimentos e suportes pessoais, antes proporcionados por funcionários/prepostos que facilitavam e orientavam esses clientes maduros, seja de maneira presencial ou mesmo remota. Os cortes nos atendimentos presenciais vêm sendo adotados radicalmente, cujo ânimo mais incisivo, ao que tudo indica, foi dado com o surgimento da pandemia do coronavírus.
Referido protesto, com ampla mobilização/adesão da sociedade, aconteceu na Espanha, por iniciativa de um cidadão de 78, informado em matéria muito boa publicada pelo blog Maturi, em 16 de fevereiro passado, a qual nos motivou a fazer este post.
O assunto merece atenção também em nosso país, não tenho dúvida. Vale dizer que referida realidade não fica limitada aos serviços financeiros. Tem amplitude muito maior!
Passei poucas e boas, do ano passado para cá, com a morte do meu pai, nos encaminhamentos de processo de pedido de pensão da minha mãe junto ao ministério ao qual meu pai estava vinculado (ele era servidor público federal), de inventário para a realização de formal de partilha (serviços cartorários), de pedidos diversos junto à Prefeitura local, cujos serviços de entrada de processos em geral, incluindo reclamações/revisões de cobranças de impostos, todos são hoje cursados, unicamente, por meio digital, via portal eletrônico, sem atendimento físico. Com os bancos/instituições financeiras, como facilmente constatados, os atendimentos presenciais vêm sendo eliminados progressiva e velozmente.
Por conta disso, a questão que me ocorre trazer aqui, para reflexão, é a seguinte: se, por um lado, queremos que os idosos da atualidade se modernizem, aprendam a lidar com os computadores, com os recursos dos smartphones, tirando o melhor proveito do mundo da Internet, até porque isso faz bem para o funcionamento do cérebro e promove melhora da capacidade cognitiva, por outro, sabemos ser ainda significativo o contingente de idosos que (ainda) não chegaram, ou não chegarão, a esse nível de amigabilidade tecnológica e conectividade com as múltiplas inovações que surgem a cada dia, mais e mais.
De fato, temos aí um assunto com boa dose de complexidade, por envolver múltiplas variáveis a serem consideradas, que vão do lado operacional ao lado psicológico e às (efetivas) limitações de muitas pessoas. Essa realidade hoje focalizada, resultado do noticiado protesto que levou incômodo e que ganhou repercussão em outro país, está presente em todas as partes, também por aqui, razão pela qual não pode ser desconsiderada, ser simplesmente empurrada para debaixo do tapete!
Leia clicando no link a seguir:
Quando tenho dificuldade ou desconheço os processos digitais, digo: “Lamento. Sou analógica com.muito prazer. Se tiver jeito de resolver analogicamente, ótimo.” Pergunte a qualquer pessoa com.menos de 50 anos se sabe fazer conta de dividir por 2 ou mais algarismos. Você vai se surpreender.
Concordo e assino embaixo….!
Abraço, caro Télio!
De fato, modernizaram todo sistema e esqueceram de pensar nessa camada da população. Nem ao menos permitiram um tempo de adaptação. Complicado!
Grato pelo registro, Lúcia!