
A temática que orbita em função da chamada LONGEVIDADE segue em evidência, como não poderia ser diferente, em razão de as pessoas estarem vivendo cada vez mais, com o consequente aumento da quantidade de idosos pelos quatro cantos do planeta.
Considerando a diversidade de fatores que devem ser levados em consideração na abordagem desse fenômeno, existe um deles que passava sem merecer a devida atenção, mas que pode causar estragos psicológicos e sociais significativos. Refiro-me às crenças equivocadas e a determinados preconceitos, amplamente disseminados, em relação às pessoas idosas. Felizmente, o assunto já entrou na pauta das análises e considerações, em especial sob aspectos envolvendo questões de direitos humanos e de saúde, a começar de iniciativas promovidas pela ONU e pela OMS.
Vale realçar, a propósito, que crenças e ideias equivocadas, a respeito de idade avançada e processo de envelhecimento, também podem ser nutridas pela própria pessoa, em sua mente, dificultando o aproveitamento pleno das inúmeras e belas possibilidades a serem descortinadas no pós-60, 70, 80…
Presente essa realidade, participei na última quinta-feira (dia 5) de mais uma “live”, promovida pela Faculdade da Felicidade, liderada pela competente Lucinha Palmeira, evento virtual que teve por título “Preconceitos e outras variáveis podem comprometer o bem-estar na maturidade”. Foi outra rodada de conversa muito agradável e produtiva, desta feita contando com a participação especial de José Paes Landim, personalidade que inspira a todos nós pelo seu exemplo de tenacidade, autonomia, lucidez, produtividade e bem-viver, ele que está às vésperas de completar 94 anos.
Assim, veio a calhar, logo depois, a mais recente crônica de Landim, “QUANTA FALTA NOS FAZEM OS NOBRES SENTIMENTOS”, publicada no jornal A TARDE, no dia 7. Temos aí, em tom suave e até subliminar, um convite à reflexão e um singelo chamado para que ideias equivocadas sobre a realidade das pessoas maduras seja melhor compreendida, de maneira que determinadas práticas preconceituosas, explicitas ou disfarçadas, possam ser revistas.
Confira a crônica, a seguir transcrita:
“QUANTA FALTA NOS FAZEM OS NOBRES SENTIMENTOS
Disse-nos Montesquieu, em uma de suas belas máximas: “A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos”.
A invocação de tão límpida verdade nos remete a um lamentável fato que acaba de chegar ao nosso conhecimento, traduzido na forma desrespeitosa de um jovem a um cidadão idoso, chamando-o de velho inútil, além de outros pejorativos.
Tal fato, somando-se a tantos outros de igual e, não raro, de maior gravidade, contra as pessoas idosas, nos faz retornar à nossa crônica VAMOS ENRIQUECER NOSSA VIDA, inserida em nosso livro UM OLHAR PELA JANELA, lembrando ali que várias são as fases de nossa vida. Todas elas enriquecedoras quando bem vividas, porém duas delas ocupam maior destaque no calendário do nosso dia a dia: quando somos jovens e quando nos tornamos pessoas idosas.
A vida dos jovens, conquanto plena de sonhos, peca, ressalvando-se evidentemente as exceções, pela falta de maturidade e também pela falta de escola, principalmente a do lar, culminando não apenas com sua incapacidade de superar os desafiantes problemas que se interpõem no seu caminho, como no chocante caso – objeto do nosso texto.
Em contrapartida a vida dos idosos ganha em sabedoria, sob o reforço da própria maturidade, ainda que se abram, também, exceções, convindo-nos acrescentar que não é incomum vermos, em muitos idosos, vigorosos jovens, vibrantes, produtivos e alegres, enquanto, não raro, se veem, também, em muitos jovens verdadeiros velhos, perdidos em si mesmos, sem norte e sem perspectiva de futuro.
Observam-se que são entre os jovens e os idosos que estabelecemos esses paralelos, destacando-se a forma de sonhar, de viver e de agir de cada um deles, o que nos leva, por se tratar de uma feliz exaltação, a essa pérola, inspiração de Victor Hugo, que nos diz, com tamanha beleza: “Nos olhos dos jovens, vemos chamas, mas é nos olhos dos mais velhos onde vemos a luz”.
Haveremos de entender que não foi pejorativo, mas de exaltação, o emprego de “velhos”, por Victor Hugo, em sua mencionada máxima, até por que não haveria ele de agredir pessoas com idade avançada, chamando-as de velhas, posto que a palavra velha, cheirando inutilidade, imprestabilidade etc., deve, a meu ver, ser empregada tão apenas quando se relacionar com objetos, jamais com pessoas.
Diferentemente dos velhos, cujo olhar se fixa para baixo, abatidos pelo desânimo, os idosos, ao enriquecer suas faculdades mentais, projetam-no para o alto na direção de novos horizontes, de novas manhãs, fazendo a vida até mais prazerosa do que antes, não sendo demais lembrar que bem longe da linguagem dos números, em sua aridez, os idosos utilizam a linguagem da alma na contemplação do belo, reinventando-se sempre, com vistas a dar mais corpo e alma ao saber. “
(José Paes Landim – servidor aposentado do Banco Central do Brasil, é escritor/cronista).
Crônica publicada em A TARDE, edição de 7/5/2022.

Gratissimo, amigo, pelo destaque dado à nossa crônica. Devo informá-lo de que, em meio aos meus propósitos, nela se insere meu desejo de fazê-la aliada do seu admirável trabalho na defesa de uma longevidade saudável e realizadora, sobre o que melhor nos fala seu livro LONGEVIDADE. Forte abraço de agradecimentos.
Vamos seguindo nessa toada, caro amigo, com as complementaridades saudáveis e necessárias, conforme as temos experimentado desde sempre. Eu sempre grato. Forte abraço!
Acho que a mulher sofre muito mais esse preconceito com relação a idade, que o homem. Ao longo dos anos, tenho visto homens que ao alcançarem determinada idade, abandonam as esposas, para se aventurarem em relacionamentos com jovens. Ainda dizem: trocar uma de 40 por duas de 20. As mulheres por sua vez, não têm problema com relação a idade e acham os cabelos grisalhos um charme, que em sua grande maioria, não se preocupam com a tonalidade. Porém a mulher, se ver quase que na obrigatoriedade de se tornar escrava de tintas para cabelos, excesso de academias, etc…
Enfim o preconceito com os 50 + é enorme e de todas as formas. Sem falar nas empresas. E nesse caso, tanto um, quanto o outro passam pelo mesmo crivo do preconceito.
Não se pode negar que existam preconceitos variados em relação à idade. O assunto precisa ser trabalhado, merece atenção e, pela disseminação existente, não é tarefa de curto prazo, infelizmente!
Grato pelo comentário, Lúcia!
Que linda postagem, meu amigo, ClovisDattoli. Parabéns pela participação em mais essa live, que não tive a oportunidade de acompanhar, mas certamente que você deu um show. Transmita meu abraço, carinho e admiração ao nosso querido colega, Paes Landim. Meu sonho é ser como ele aos 94 anos. Oxalá consiga me aproximar desse sonho!
Ah, querida amiga Sandra, obrigado pelo gentil comentário, que encaminharei para o nosso JP Landim!
Abração
Gostei especialmente da ideia associada ao ultimo parágrafo do texto mencionado…ou seja, sejamos idosos com o olhar “num horizonte” e vontade de viver!
Grato pelo registro!