É muito importante que, em especial no pós-60, tenhamos a capacidade de nos renovar, de seguir buscando novos aprendizados, conhecimentos, interações sociais e, fundamentalmente, de exercer o desapego, justamente para dar espaço para o novo: novos ciclos, novos desafios, novas coisas. Isso requer saber se desfazer do que não mais traz utilidade e satisfação, dos excessos acumulados, do peso desnecessário, seja em termos materiais ou psicológicos.
Na maturidade, para estar em plenitude, com leveza e dinamismo, é essencial que a pessoa coloque foco no presente, trabalhando a sua energia e dedicação de tempo para o que dá efetiva sensação de bem-estar e promova a saúde física, mental e espiritual. Assim, fundamentalmente, deve cuidar para colocar em prática um estilo de vida que proporcione momentos felizes agora e no futuro imediato. É assim que tenho dado rumo no meu modo de viver desde que completei os 60, com maior ênfase.
Nessa toada conseguimos estar na sintonia da Felicidade Autêntica, conforme nos orienta, por exemplo, o escritor Martin Seligman, aquele da escola da Psicologia Positiva, algumas vezes referida aqui no blog, cuja orientação psicológica, ou filosofia para o bem viver, devemos ter sempre em mente, conforme vou percebendo, mais e mais claramente, com o correr do tempo.
Para complementar essas reflexões de hoje, destaco texto interessante, publicado no blog LONGEVIDADE: MODO DE USAR, em 23 de janeiro, com o título “Saiba dar adeus ao seu antigo eu“. O foco aí é saber virar a página, encerrar ciclos e iniciar novas etapas, compreendendo todas as áreas da nossa vida (pessoal, afetiva, profissional…).
Leia a seguir:
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“Saiba dar adeus ao seu antigo eu
Pense se prefere olhar pelo retrovisor e alimentar ressentimentos, ou fazer um pacto para apreciar os anos que você tem pela frente
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro
A maioria prefere envelhecer ignorando as mudanças – algumas sutis; outras, nem tanto – que acompanham esse novo ciclo. Não somos mais aqueles adultos na faixa dos 30 ou 40 anos, e acredite: reconhecer isso é um alívio! Em vez de se apegar ao que você já foi, simplesmente se liberte e aprenda a dar adeus ao seu antigo eu. Como toda fase da nossa trajetória, o envelhecimento embute experiências positivas e desafiadoras. Com o tempo, nos tornamos mais seguros e equilibrados, deixamos de nos preocupar com o que vão pensar de nós. No entanto, mesmo adotando um estilo de vida saudável, o corpo não tem o vigor de décadas atrás. Entre ganhos e perdas, acho que vale a pena conhecer as cinco etapas do processo de luto. Por quê? Porque o luto não acontece somente quando uma pessoa querida morre – ele também ocorre quando deixamos para trás a juventude, amigos, casamentos…
A primeira etapa é a negação, quando a gente evita tocar no assunto que provoca tristeza e angústia. Há quem se recuse a falar sobre a velhice, como se a atitude funcionasse como um freio que impedisse a passagem dos anos. Em seguida, vem a raiva: dominado pela frustração e pelo medo, você se irrita quando alguém lhe pergunta como está se preparando para a vida após a aposentadoria, embora saiba que é seu dever de casa (comportamentos autodestrutivos são comuns nesse período). Depois, a barganha, ou negociação: um estágio que se assemelha ao vaivém de uma gangorra: “e se tivesse feito as coisas de tal forma?”; “se fizer isso ou aquilo, talvez possa dar um jeito na situação” são pensamentos recorrentes. Na sequência, a depressão é uma fase de dor intensa, que pode demandar ajuda psicológica, daí a importância ter uma rede de afeto e apoio. Por fim, a aceitação é o momento no qual nos damos conta de que vivemos uma nova realidade.
Posso usar, como exemplo, o luto profissional. Até a aposentadoria, nossa identidade está fortemente atrelada ao ambiente de trabalho. A pergunta: “o que você está fazendo?” é o norte de qualquer conversa e muitos se melindram quando não dispõem mais de referência tão relevante. Você pode inclusive continuar atuando e sua profissão nunca deixará de ser parte fundamental da sua trajetória, mas também é preciso valorizar outros papéis, na família, no círculo de amigos, na sociedade. Pense se prefere olhar pelo retrovisor e alimentar mágoas e ressentimentos, ou fazer um pacto para apreciar todos os anos que tem pela frente da melhor maneira possível: cuidando da saúde, compartilhando o que sabe e aprendendo coisas novas, saboreando o que conquistou. Você pode optar por se nutrir ou se esgotar. “
Acho que eu vivo um dia por vez. Não olho muito para trás, mas o que ainda posso fazer. Queria muito poder realizar algumas coisas, viver alguns sonhos que acalento. Mas, nem isso, me prende, porque acredito que o que tiver de ser, será. Creio que cada dia que acordamos, nos distanciamos do passado, mais e mais. Porém as coisas que foram importantes, jamais serão esquecida. Sou daquelas que acredita que Deus já traçou um plano para cada um e apesar de podermos alterar algumas coisas, por conta do nosso livre arbítrio, vou vivendo o presente, tentando superar algumas dificuldades.
Belo post para refletirmos sobre nosso mundo interior e como ele interfere em tudo.
Excelente, Lucia. Gostei muito do seu comentário . Obrigado!!!
Excelente texto. Eu tenho aprendido muito com a vida. Mas as vezes tenho medo de ter uma velhice frustada. Creio que a maturidade nos ensina muita coisa inclusive superações
Oi, Leide, vá firme, em especial busque aprofundar o seu autoconhecimento que tudo seguirá clareando, num bom rumo, a segurança irá se estabelecer, tudo contribuindo naturalmente para a redução dos medos fruto da imaginação, da maquinação da mente, de certa ansiedade. Gostar de ler como você gosta, aliada à sua religiosidade, são fatores que em muito contribuirão para uma longevidade bem-sucedida!
Forte abraço!
Adorei o seu texto !
Grato pelo gentil comentário!
Há alguns dias, ao descer uma das escadas do edifício onde trabalho, consciencializei que agora o faço com muito mais atenção e cuidado, algo que não aconteceu durante 20/30 anos em que naturalmente o fazia depressa e até a correr, sem sequer pensar que poderia cair.
Naquele momento senti uma enorme ternura por essa pessoa mais ágil que fui. Mas também senti uma enorme ternura pela pessoa cuidadosa que agora sou e agradeci o facto de ter chegado aqui, com saúde e ainda com a energia para acompanhar bem os 63 anos que tenho.
E por continuar a utilizar as escadas em vez do elevador!
Gostei muito do post!
Muito legal esse seu depoimento. É bem por aí, nova realidade com o passar dos anos, novos arranjos, novas estratégias e hábitos, com as adaptações tudo a seu tempo, de maneira que sigamos com a firmeza de quem não quer se render e parar, sabendo desapegar do que já ficou, já passou, das realidades de etapas anteriores. Muito grato, Dulce!