Já comentei aqui, algumas vezes, que o fenômeno da longevidade trouxe desafios de largo espectro, para cada um de nós, para as políticas governamentais e também para as estratégias dos agentes econômicos, científicos etc. Enfim, são desafios para o todo, desde já e para os tempos que seguem.
Nesse contexto está incluído, por certo, o imaginário popular ainda dominante sobre envelhecimento e idosos, diante da clara necessidade de que paradigmas a esse respeito sejam revistos e se promovam muitos ressignificados por aí, pois, conforme percebemos a cada dia, a população madura de agora, que não para de crescer, quer estar ativa, ocupar seu espaço mais e mais, desenvolver atividades, aprender coisas novas, participar, se divertir…!
Presente essa realidade, vi com satisfação a matéria que reproduzo a seguir, publicada no blog LONGEVIDADE MODO DE USAR, por Mariza Tavares, no dia 31 de dezembro passado. Você verá uma lista de pontos importantes que requerem atenção, conscientização, estratégias e novos olhares a respeito dessa contínua elevação da expectativa de vida que tomou conta do planeta, diante de questões essenciais que carecem de resposta, a exemplo destas: o que quer, como atender e como viverá essa massa de gente idosa que aumenta a cada ano?
Muitos desses pontos, aqui e acolá, tenho enfatizado em postagens diversas neste blog, nos últimos anos, sob argumentações e perspectivas distintas e, por certo, complementares.
Aliás, a pesquisadora, ponto focal da referida matéria, assegura que “precisamos de um redesenho da vida”.
Vale a pena conferir!
“Por que vamos precisar de um novo mapa da vida
Longevidade demanda um design diferente da sociedade contemporânea
A iniciativa consiste num projeto de cinco anos, até 2023, para pesquisar e definir novos modelos de educação e aprendizado contínuo; redesenhar a forma como trabalhamos; propor políticas públicas para saúde, moradia, segurança financeira; além de promover ações que estimulem a convivência entre diferentes gerações. Na verdade, o diagnóstico é de que teremos que criar uma outra narrativa sobre a velhice, uma vez que a tradicional já não representa a realidade. Há grupos nas áreas de saúde, trabalho, educação, finanças, meio ambiente, influências sociais e a chamada “early life”, ou seja, o início da infância. O movimento quer aumentar a consciência sobre o impacto dessas mudanças nos próximos anos, para que a sociedade se mobilize.
No fim de novembro, Laura Carstensen, diretora do centro de longevidade, escreveu um artigo para o jornal “The Washington Post” no qual foi incisiva: “precisamos de um redesenho da vida”, afirmou, acrescentando que a angústia de não ter como sobreviver e o medo da demência, cada vez mais recorrentes entre idosos, demandam uma intervenção da sociedade. Listei os tópicos que norteiam os estudos para mostrar a abrangência do projeto.
Laura Carstensen, diretora do centro de longevidade da Universidade de Stanford, na Califórnia — Foto: Divulgação
1) Desafio urgente: a população mundial é de 7.6 bilhões. Chegará a 8.6 bi em 2030 e 9.8 bilhões em 2050. O curso de vida das pessoas deverá comportar mais de uma carreira e períodos de estudo e transição para diferentes atividades.
3) Desigualdades econômicas, educacionais e raciais deverão ser combatidas para que a longevidade não se restrinja aos privilegiados.
4) O uso da tecnologia: como inserir as pessoas para que todos se beneficiem de seus aspectos positivos e se conscientizem dos negativos.
5) Foco na infância: a saúde está intimamente relacionada aos estágios iniciais da vida. Se as crianças vão viver mais de 100 anos, o conceito de educação terá que mudar. O modelo atual, que encerra a formação do profissional na universidade, precisa ser revisto, para o desenvolvimento de habilidades como criatividade, flexibilidade e resiliência.
6) Saúde: o foco deverá ser na prevenção, para que todos permaneçam saudáveis durante o maior tempo possível. Isso inclui combater a obesidade (infantil inclusive), fumo e o uso de opioides.
7) Trabalho: o emprego para a vida toda acabou e os trabalhadores terão que ser treinados continuamente. Já é possível imaginar um cenário no qual uma pessoa na casa dos 30 anos sai do mercado por uma década para cuidar dos filhos e depois se dedica a uma nova carreira, sendo comum ter colegas de 70 e 80 anos.
8) Segurança financeira: sistemas de previdência serão cada vez menos generosos. Educação financeira para saber planejar o futuro será disciplina obrigatória nas escolas desde cedo.
9) Meio ambiente: aqui a expressão se refere às cidades, que precisarão investir em sistemas integrados de transporte e moradia acessível. Um modelo que vem angariando adeptos prevê assistência para os idosos sem que tenham que se mudar para uma instituição, inclusive convivendo com jovens que se encarregariam de alguns serviços.
10) Influências sociais: independentemente da idade, todo indivíduo necessita do senso de pertencimento, de um propósito. A saída: coordenar ações para que os muitos anos que as pessoas terão pela frente ganhem significado.
Fico feliz que o blog discuta esses temas. Nossa jornada continuará ano que vem. Um ótimo 2020! “
Excelente texto! Me chamou especial atenção o item 10, pois o encontro de significado é essencial, inclusive porque sua falta é um importante indutor da tragédia chamada depressão.
Esse é fator de base, certamente, caro Massarra!!!