Para hoje, trago precioso texto de Arnaldo de Castro Costa (amigo, ex-colega de jornada no Banco Central do Brasil, escritor e terapeuta holístico), com o título ‘Quantas vezes nós morremos‘, que de forma inteligente nos convida, naturalmente, a pensar sobre o que é vida plena, sobre um viver em permanente evolução e, sobretudo, em constante superação dos percalços pelos quais todos passamos.
Diante de frustrações, “quedas”, grandes perdas em sentido amplo, que em alguma medida acontecem diversas vezes na vida de qualquer pessoa, o autor enfatiza a importância da ressignificação, da aceitação, da capacidade de saber encerrar ciclos e de recomeçar, que se encaixam no conceito, bem em voga, da chamada resiliência.
O texto faz parte do agradável e provocativo livro ‘Sherlock Holmes agora é psicoterapeuta – e outras histórias‘ (páginas 87/88), o terceiro do autor, composto por crônicas (leves) sobre temas variados, que certamente nos divertem e ao mesmo tempo nos convidam a refletir!
Vale a leitura. Confira a seguir:
“Quantas vezes nós morremos?
Uma vez?
Nenhuma?
Várias?
Não estou falando do falecimento físico nem tampouco das experiências de quase morte.
Refiro-me às vivências comuns dos seres humanos no cotidiano.
Em princípio, o que todos passam ou podem vir a passar.
Basta nos lembrarmos das vezes em que o mundo pareceu desabar e de não ter luz no fim do túnel.
A profunda sensação de morte pelo surgimento de um câncer, pela separação de um grande amor, pela perda de uma mãe, pai ou filho, pela frustração de um grande projeto pessoal, etc.
Sem falar das “pequenas mortes” que sofremos pelas decepções com os amigos, pelas perdas financeiras e de status, pela gradativa e inexorável decadência física, dentre tantas outras.
Eu posso enumerar várias mortes em minha vida até agora: me vi órfão de mãe ainda na infância, fora de casa aos quinze anos, separado e solitário na faixa dos quarenta, aposentado aos cinquenta e poucos e muitas perdas de familiares e amigos em todo esse tempo.
Cada morte trouxe a oportunidade de um renascimento!
Aliás, só pode haver (re)nascimento após algo morrer, se colapsar.
E mais, quem não “morre” ao longo da vida e não se ressignifica simplesmente não evolui! Vive no passado, só sobrevive!
Em outras palavras, passar a página de nossas crises ou lutos e sermos resilientes são passaportes para uma vida mais plena!
Bem, quando a última das mortes chegar, e se tivermos saboreados toda a gama de experiências doces e amargas, ela provavelmente será menos pavorosa e bem mais leve.
Talvez até muito bem-vinda, especialmente para aqueles com fé na vida espiritual!
Viver para morrer! Morrer para viver!
Faz sentido para você? “