Para quem atua profissionalmente com o desenvolvimento humano, há algumas décadas, em especial procurando contribuir com o crescimento das organizações pelo seu pilar “gente”, do topo à base, convencido de que o chamado ‘capital humano’ é fator decisivo para o sucesso de qualquer organização, fico feliz toda vez que deparo com discursos e textos que destacam e valorizam a importância do fator humano, nas suas mais diversas abordagens, notadamente com realce para as habilidades “não-técnicas”, que dependem muito das virtudes, de mentalidade positiva e das atitudes de cada indivíduo.
Conforme assinalei em algumas postagens anteriores, a atuação profissional, a evolução na carreira e a absorção da pessoa pelo mercado serão cada vez mais resultantes da demonstrada capacidade: i) de relacionamento interpessoal em todos os níveis; ii) de gestão das emoções, para uma convivência equilibrada e de colaboração, que facilite a geração de resultados em ambientes de mudanças constantes e crescentes desafios; iii) de abertura da mente para novos aprendizados, para a inovação e para a superação de limitações e adversidades.
E é sobre isso que trata o excelente – e mais do que oportuno – artigo de Peterson Theodorovicz, publicado no site IT Forum 365, tendo por mote principal as habilidades profissionais a serem valorizadas no futuro, que reproduzo abaixo. O conteúdo vale para um repensar quanto aos currículos universitários e, igualmente, para os planos de carreira – projetos de evolução individual -, para pessoas de qualquer idade, incluindo (por que não?) os profissionais mais idosos que pretendem seguir ativos por muito mais tempo.
Vale a leitura, sobretudo porque as tendências sinalizadas no texto, pelo que observo na mente de grandes líderes e de influentes especialistas, e até mesmo de movimentação em ambientes corporativos, são um caminho sem volta. Confira a seguir:
“O futuro das habilidades profissionais e o desafio de desenvolvê-las
O grande questionamento acerca das profissões do futuro consiste em quais habilidades devemos capacitar nossos alunos e funcionários.
*Peterson Theodorovicz
Foto: Shutterstock
O grande questionamento acerca das profissões do futuro consiste em quais habilidades devemos capacitar nossos alunos e funcionários. Tal discussão norteia todas as hipóteses sobre a preparação das instituições de ensino e empresas para o amanhã.
Na era da quarta revolução industrial e com tecnologias gradativamente mais refinadas, empresas de todos os portes procuram estudantes e funcionários com habilidades interpessoais. Mas o que são essas habilidades? Como elas podem ser desenvolvidas e/ou ensinadas? É o que pretendemos discutir.
No último estudo da D2L, sobre o Futuro das habilidades na era da 4ª revolução industrial, exploramos os desafios trazidos pelas tecnologias disruptivas, como robótica e genética, e seu impacto no mercado de trabalho. O fato é que, apesar de as tarefas básicas de trabalho poderem (e já serem) facilmente executadas pela automação, outras habilidades são cada dia mais consideradas de alto valor.
As habilidades interpessoais, que envolvem a interação efetiva com outros seres humanos e a capacidade de se adaptar e de ter resiliência, são difíceis de medir, mas são essenciais para o sucesso de um negócio, seja qual for o segmento. A mentalidade adaptável, característica primordial das habilidades interpessoais, é uma das principais razões para o seu crescente valor no mercado de trabalho.
Em estudo realizado pela McKinsey & Company encontramos dados impactantes que estão alinhados ao debate sugerido pela D2L. De acordo com o estudo, aproximadamente 375 milhões de trabalhadores substituirão suas categorias profissionais até 2030, com ênfase na capacidade de se adaptarem ao dia a dia de coexistência com máquinas ultra capazes.
Uma pesquisa do LinkedIn descobriu que 57% dos líderes dizem que as habilidades interpessoais são mais importantes do que as habilidades técnicas. Devido à tamanha importância, tomamos a liberdade de chamar as habilidades interpessoais de “duráveis”, uma vez que são atemporais e não diferenciam categorias de trabalho.
Logo abaixo do guarda-chuva das habilidades duráveis, vem a inteligência emocional (EQ), cada vez mais importante e valorizada. Competências como colaboração, comunicação e empatia são características que contribuem para um trabalhador eficiente e flexível.
Um dos maiores desafios das habilidades duráveis, no entanto, é a dificuldade de desenvolvê-las. E essa dificuldade está integralmente ligada a um sistema de aprendizagem defasado, que enfatiza prioritariamente habilidades profissionais, competências técnicas ligadas a cada tipo de função exercida. Faz-se necessário uma mudança de paradigma, na qual a aprendizagem contínua, juntamente com o desenvolvimento de habilidades interpessoais, sejam o ponto crucial do sistema educacional.
As instituições de ensino precisam oferecer aos indivíduos recém‑formados uma vantagem competitiva na força de trabalho e isso significa obter não só habilidades profissionais, mas também habilidades duráveis relevantes para diferentes funções e tipos de empresas. Essa necessidade inclui:
Modificar a grade curricular dos cursos e programas de ensino superior para incluir o desenvolvimento de habilidades duráveis; Desenvolver programas que permitam que os funcionários retornem periodicamente ao sistema educacional com facilidade para que se atualizem ou obtenham novas habilidades. Sabemos que essa tarefa não é fácil, porém identificar os atributos necessários em um recém‑formado é um passo inicial e deve ser seguido pelo envolvimento do corpo docente para gerar suporte e compreensão. Exemplos de atributos incluem:
- Pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas;
- Questionamento e aspiração;
- Criatividade;
- Comunicação eficaz e trabalho em equipe;
- Liderança e proatividade;
- Autoconhecimento e inteligência emocional.
No Canadá, por exemplo, cerca de 19 instituições incluíram em seu programa o curso de Tecnologia em Gestão de Negócios (TGN) a fim de transmitir aos profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação habilidades interpessoais e de negociação que eles não possuíam originalmente na grade curricular.
Conforme as organizações educacionais de ensino superior iniciam a jornada pela reestruturação de seus programas para essa nova demanda de competências, as empresas também podem encontrar o caminho para oferecer treinamento corporativo mais eficaz e econômico nas próprias universidades.
O futuro das habilidades e competências pessoais é uma realidade que precisa ser discutida. Esperamos que este artigo sirva como ponto de partida para o diálogo sobre como desenvolvê-las.
*Por Peterson Theodorovicz, diretor da D2L Brasil “
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