Tomado emprestado da Psicologia, há um princípio corrente, a meu ver primoroso, que diz mais ou menos assim: o resultado do todo (de uma equipe, ou time) deve ser maior e melhor do que a soma dos resultados de cada um dos seus integrantes. Convenhamos, essa é filosofia que deveria inspirar qualquer equipe.
A grande questão é quando você tem, entre os membros da equipe, uma pessoa que se destaca, acima da média, que é brilhante. Em tal circunstância, estabelecer o bom clima, o senso de participação e de doação de todos os integrantes, mesmo os menos talentosos, é desafiador e ao mesmo tempo necessário, porque aquele craque tende a ser percebido pelos demais como o centro das atenções, o salvador da “pátria”, e essa ideia pode levar muitos integrantes da equipe a se encostar, a fazer corpo mole, sentindo-se até mesmo em posição psicológica inferior, com baixa autoestima.
O desafio, portanto, é fazer com que haja compreensão e efetiva complementaridade na equipe, porque, de verdade, todos têm algum talento, têm um papel a cumprir e são importantes no conjunto, sob pena de não haver a almejada alta performance do “time” e não se chegar aos resultados pretendidos.
A esse respeito, veja interessante – e instigante – texto de Max Gehringer, publicado no LinkedIn, dia 7 passado, que reproduzo abaixo. O mote do argumento, que vale a reflexão, é: menos amarras e mais liberdade de ação em um time, para que os craques brilhem, os talentos individuais aflorem, façam seus “goals”, e a equipe vença!
Confira:
“Qual é o lugar dos craques no trabalho em equipe?
Teamwork. Você conhece essa palavra? Ela quer dizer “trabalho em equipe”. Mas nada é assim tão simples. Para entender de verdade o que é teamwork, precisamos voltar no tempo.
Há cerca de mil anos, as tribos germânicas aravam seus pastos usando animais para abrir sulcos na terra. A palavra que aquelas tribos usavam para definir esse ato de “ditar o ritmo dos animais” era deam.
No século 16 o termo começou a ser aplicado a seres humanos, já inglesado para team, com o sentido de “união para executar uma tarefa”.
Já work é uma das palavras mais antigas do mundo, e suas origens remontam ao começo da linguagem falada: era então (e ainda é) “usar energia para chegar a um resultado”.
É claro que há 20 mil anos não se falava assim, dizia-se “Frrfgaah!”. Mas é a mesma coisa.
Lá nos primórdios, essa energia gasta era puramente física (massacrar o povoado vizinho na base da porrada). Hoje, é também mental (massacrar a concorrência na base da criatividade).
Teamwork sempre foi, portanto, uma simples soma: união + energia.
Na linguagem empresarial, uma equipe bem balanceada é aquela em que o esforço é compartilhado igualmente entre seus membros.
Num time sólido e focado, não pode haver destaques individuais: o mérito é de todos.
Essa “socialização do talento” fez com que muitas empresas começassem a acusar seus funcionários mais rebeldes de não possuir “espírito de equipe”, só porque as opiniões deles diferiam das opiniões do resto da equipe, e eles não pareciam lá muito dispostos a mudar de atitude.
Um exemplo muito usado para explicar teamwork é o da equipe de futebol.
Romário foi um dos maiores jogadores de futebol do Brasil e do mundo. Ele corria menos, não ajudava a marcar os adversários, não era afeito a esquemas táticos e detestava treinar.
Para alguns de seus técnicos (os equivalentes modernos dos germânicos que ditavam o ritmo dos bois), ele “desunia o grupo”. Afinal, ele sobrecarregava o work do resto do team.
Mas, na visão de seus colegas, Romário estava lá quando mais interessava: na hora de marcar os gols que o time precisava para atingir seu objetivo.
Nas empresas, um esforço conjunto pode não dar resultados quando o responsável pela equipe acha que sua responsabilidade é reduzir os talentos a um mínimo denominador comum, em nome da ordem. Enquadrar dentro de um esquema rígido aqueles funcionários que, soltos, podem desequilibrar o jogo.
Um grupo assim pode ser unido e feliz. Mas não necessariamente vencedor. As equipes campeãs têm sido aquelas que não sacrificam o talento individual em nome da burocracia coletiva.
Toda equipe precisa de craques. E cabe aos próprios colegas saber reconhecer quais são os mais aptos para cada tarefa.
Só não dá certo nas equipes em que a dor de cotovelo pelo mérito alheio é mais forte que o espírito de time. Mas isso é da natureza humana. E, no fundo, explica por que os antiquíssimos teamworks funcionavam tão bem: boi não tem cotovelo. “
De um lado, o papel da craque numa equipe qualquer, é ajudar o time a atingir os resultados pretendidos (ele terá facilidade se tiver um perfil agregador). Mas existem diversos tipos de personalidade, por isso, de outro lado, o gestor deve ter a habilidade de lidar com os tipos para posicionar os jogadores corretamente. Dessa forma, cada um, na sua função, se sentirá importante no seu papel.
Verdade, Ricardo. O líder precisa exercer a maestria!!!
Grato pelo comentário!