‘A sociedade precisa da liderança das empresas’

O papo hoje é sobre empresa e sociedade, sua inter-relação e responsabilidades para além de simples resultados financeiros auferidos.

A esse pretexto, faço referência a momentoso artigo de Fábio C. Barbosa, conhecida liderança do mundo corporativo brasileiro, publicado quarta-feira passada no LinkedIn, por enfatizar a importância dos valores a serem cultivados por qualquer organização e, mais objetivamente, o papel que as empresas devem desempenhar mirando, também, o contexto – e as necessidades – das sociedades em que atuam!

Falar sobre valores corporativos é fundamental, porque significa realçar uma variável intangível que funciona como amálgama para o estilo de funcionamento da PJ, que parece ainda carecer de adequado entendimento, até mesmo por significativa parcela das lideranças corporativas.

Conforme já enfatizei em oportunidades anteriores, os estudiosos da grande disciplina ‘cultura organizacional’ asseguram que os valores funcionam como o núcleo da cultura de determinada organização/empresa. Portanto, valores que denotam compromissos sócio-ambientais, efetivamente praticados, guardam correlação com a boa imagem e o sucesso corporativo consistente ao longo do tempo. Muito lógico, na minha compreensão!

Em momentos como os atuais, em que pensamentos e atitudes governamentais, mundo afora, parecem apontar para menor intervenção e atuação direta na exploração/condução de atividades econômicas, o protagonismo social por parte das empresas, que deve ser transformado em crença claramente percebida por todos os que integram as corporações, chega em boa hora. Trazer essa conscientização para o setor privado, a respeito do seu papel e responsabilidade para com o todo, o seu entorno, a melhoria das condições sociais e ambientais por onde atua, é crucial. Creio firmemente que o desenvolvimento virtuoso e sustentável de uma nação passa por aí.

Que o espírito do texto em destaque, a seguir transcrito, possa ganhar eco, mereça boas reflexões e se transforme em verdadeiros valores corporativos, mais e mais!

“A sociedade precisa da liderança das empresas

Fonte: Freepik.comFonte: Freepik.com

Fábio Colletti BarbosaMembro do Conselho da Fundação das Nações Unidas

Já falei aqui algumas vezes sobre a importância de tomar decisões de carreira que estejam alinhadas com os seus valores. O que vale para indivíduos, vale para empresas, guardadas as devidas características de cada um.

Muitas empresas têm seus valores em quadros espalhados pelas salas de reuniões, nos sites e cartões de visita, mas o que interessa mesmo é a forma como eles são aplicados no dia a dia e formam a cultura de um determinado grupo. Os valores devem guiar cada decisão da companhia, os lançamentos de produtos, o tratamento dado aos clientes e colaboradores, a parceria com fornecedores e principalmente devem estar presentes no planejamento de curto, médio e longo prazo.

Recebi outro dia um artigo que falava sobre a empresa Home Depot, uma varejista americana que trabalha com produtos para casa e construção. Ao descrever a sua cultura, eles fazem uma brincadeira com o sangue laranja, em referência é claro a sua cor principal, e o mais importante: salientam que valores guiam ações, decisões e comportamentos, são crenças que não mudam com o tempo.

Do ponto de vista financeiro, é possível materializar os valores nos chamados critérios ambientais, sociais e governamentais (em inglês conhecidos pela sigla ESG). A partir desses indicadores, podemos ter uma noção de como a empresa atinge os resultados e não somente os resultados per se.

“…para prosperar ao longo do tempo, toda empresa deve não apenas oferecer desempenho financeiro, mas também mostrar como ela contribui positivamente para a sociedade.” Larry Fink

O tema tem chamado cada vez mais atenção. Desde o ano passado, o CEO da BlackRock, Larry Fink, a maior empresa em gestão de ativos no mundo, tem falado em sua carta anual sobre o papel das organizações: “para prosperar ao longo do tempo, toda empresa deve não apenas oferecer desempenho financeiro, mas também mostrar como ela contribui positivamente para a sociedade”. A gestora prevê que os ativos em fundos negociados em bolsa (ETFs) voltados para os indicadores ESG crescerão de 20 bilhões de dólares para mais de 400 bilhões até 2028.

Destaco dois pontos que tem levado à essa mudança de pensamento: o primeiro é que diversos estudos têm mostrado a correlação positiva entre finanças sustentáveis e retornos mais elevados. Desde os tempos de Banco Real, sempre comentei que esse mito de que empresas que possuem uma visão mais ampla, que levam em consideração questões éticas, ambientais e sociais não davam resultado, era um falso dilema. O segundo ponto é a geração dos millenials (nascidos entre os anos de 1980 e 2000), os jovens são cada vez mais conscientes em relação aos assuntos éticos, ambientais e sociais e balizam suas decisões de consumo ou de carreira nesses valores.

O Airbnb, a Patagonia, e também algumas empresas brasileiras são exemplos de organizações que veem a sua atuação hoje, já pensando com olhos do futuro, pois entendem que a sociedade precisa da sua liderança e do seu impacto positivo.

A verdade é que se por um lado as empresas são agentes de transformação da sociedade, por outro elas são transformadas por esse zeitgeitst (o espírito do tempo) que afetam todas as instituições.

Publicado em: https://www.linkedin.com/pulse/sociedade-precisa-da-lideran%C3%A7a-das-empresas-f%C3%A1bio-colletti-barbosa/?trk=eml-email_feed_ecosystem_digest_01-recommended_articles-3-Unknown&midToken=AQFJ3dl-EPlJpQ&fromEmail=fromEmail&ut=2U8wwYNm2mHEI1

Sobre JCDattoli

Este blog foi idealizado para compartilhar reflexões e discussões (comentários, frases célebres, textos diversos, slides, vídeos, músicas, referências sobre livros, filmes, sites, outros blogs) que contribuam para a realização e o crescimento do ser humano em toda a sua essência e nas dimensões pessoais e profissionais. Almejo que o ser humano se mostre cada vez mais virtuoso, atento e disposto a servir ao próximo em cada momento da sua existência. Atuei profissionalmente por quatro décadas, com bastante intensidade, nas áreas pública e privada. Ocupei de cargos técnicos a postos de chefia e direção. Neste novo momento, pretendo ajudar pessoas a atingir outros patamares na vida – e na profissão. Dedicarei parte do tempo para ações sociais/humanitárias (levar música ao vivo para casas de idosos é uma das frentes de atuação, iniciada em 2007), além de assegurar espaços na agenda para o exercício do autoconhecimento e para a meditação, no caminho da evolução pessoal permanente . Gosto de ler, de aprender coisas novas, de praticar atividades físicas e de cantar-tocar violão. A família e as amizades são preciosas matérias-primas na construção do bem viver. Apesar das incongruências, desencontros e descaminhos humanos, tenho por missão dedicar-me mais e mais às pessoas como contributo para um mundo verdadeiramente melhor!
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2 respostas para ‘A sociedade precisa da liderança das empresas’

  1. dulcedelgado disse:

    É pena serem ainda poucas as empresas que se centram nessa tríade de valores.
    A maioria ainda coloca os lucros à frente de tudo, sem respeito por horários, vida familiar e pagando baixos salários aos seus trabalhadores, mesmo a pessoas com formação.
    Este é o “filme” que mais passa em Portugal…
    As excepções existem, é claro. Mas ainda há muita falta de sensibilidade por aí. Talvez as novas gerações de empresários, já com melhor formação e horizontes mais largos, sejam a esperança e a mudança de paradigma. Acreditemos nisso.

  2. JCDattoli disse:

    Sim, vamos acreditar. Tenho buscado jogar sementes desse olhar mais holístico por onde passo, especialmente em cada interação com lideranças empresariais – na esperança de que frutifiquem!
    Grato pelo comentário!

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