No contexto do grande tema Saúde, volto hoje a falar sobre ‘depressão’, conhecida e crescente doença da alma, chamada, anos atrás, de “a doença do século”, que pode trazer sérios comprometimentos para a saúde integral do indivíduo, suas atividades, relacionamentos etc.
Segundo noticiado no portal do ESTADÃO (www.emais.estadao.com.br), em 10 de outubro de 2018, “a Depressão será a doença mental mais incapacitante do mundo até 2020”. Da publicação, selecionei algumas informações e dados para ilustrar a importância que o assunto merece:
300 milhões de pessoas sofrem do transtorno no planeta;
11,5 milhões de brasileiros apresentam quadro de depressão;
Esse quantitativo correspondente a quase 6% da população brasileira;
O preconceito (estigma social) em relação a doenças mentais é um grande dificultador para a recuperação e reabilitação de significativa parcela desse público.
A propósito do assunto, tomei conhecimento do interessante e bem estruturado artigo da psicóloga Marli Borges, publicado ontem no seu blog, que reproduzo abaixo. Em boa hora, a autora nos oferece sua reflexão e efetiva contribuição para um despertar geral no que se refere a essa realidade preocupante dos dias atuais, sobretudo porque a depressão e a ansiedade vêm alcançando pessoas de todas as faixas etárias, sociais, de renda, cada vez mais, conforme amplamente divulgado.
Confira o texto, a seguir, na expectativa de que a leitura possa trazer esclarecimentos e seja verdadeiramente útil para muita gente.
“Idosos com depressão: sinais de alerta e o que fazer
15 Apr 2019 | Marli Borges
A “depressão” não é um “privilégio” do idoso, pois é um transtorno mental que afeta pessoas de todas as idades. Mas é fato que o preconceito com distúrbios mentais e a falta de informação tendem a dificultar o diagnóstico e o tratamento adequado da doença no idoso. Alguns sintomas, muitas vezes de forma equivocada, são imputados à velhice, pois ainda há crença distorcida de que o velho é rabugento, antissocial e até mesmo irritadiço.
Ainda, no caso da pessoa idosa, o diagnóstico às vezes se torna mais difícil, pois normalmente a doença “se mistura” a outros males naturais da idade. Às vezes, até mesmo o idoso quando apresenta sintomas de depressão, atribui o que sente como algo inerente à velhice. Muitas vezes o idoso tem motivos que até justificam o desenvolvimento da depressão, como por exemplo quando perde o cônjuge ou pessoas próximas. Outra dificuldade para o diagnóstico preciso é a negação da doença pela própria família.
Alguns SINAIS DE ALERTA que podem ser observados e considerados sobre transtorno da depressão no idoso:
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Tendência do idoso a se abalar, a se entregar e a desistir de ações naturais da vida após receber diagnóstico de alguma doença ou quando percebe que algo não está bem no seu organismo.
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Queixas constantes de dores crônicas.
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Pouca interação social e familiar por parte do idoso, podendo resultar em isolamento ou abandono.
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Surgimento de déficit cognitivo (dificuldade de memória, atenção etc.)
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Surgimento de dificuldades financeiras, incomum no histórico do idoso.
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Uso excessivo de álcool.
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Falta de sentido de vida, vazio existencial.
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Alteração no apetite, comer muito ou pouco.
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Alteração do sono, dormir muito ou pouco.
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Perda de interesse em atividades que antes apreciava fazer.
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Descuidar da aparência, autoestima baixa.
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Demonstrar cansaço injustificado, falta de energia e fadiga.
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Sentimento de tristeza, ansiedade exacerbada, angústia e irritabilidade.
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Baixa imunidade;
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Perda do interesse por troca de carinhos e afeição.
Para se obter diagnóstico mais preciso do transtorno de depressão é recomendável que a pessoa seja avaliada por profissional da área médica, podendo se iniciar com clínico geral. Após, pode ser encaminhado para um psiquiatra ou um psicólogo. Lembrando sempre que “cada caso é um caso”, pois as pessoas são diferentes. O diagnóstico correto garante o tratamento adequado da doença.
Não se pode deixar de considerar que a depressão é uma doença mental para a qual existe tratamento, que pode envolver farmacoterapia e psicoterapia. A depressão quando não tratada, pode simular uma pseudo-demência, ou seja, a pessoa pode sofrer perdas significativas na sua cognição (memória, atenção, linguagem, funções executivas), podendo até mesmo chegar a um processo de demência.
A depressão pode ser prevenida com algumas atitudes e escolhas da pessoa, como por exemplo:
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Manter atividade física frequente,
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Manter vida social ativa.
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Manter alimentação saudável.
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Manter o bem-estar consigo mesmo.
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Não supervalorizar o negativo.
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Manter a curiosidade nas “coisas” da vida
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Aprender a gerenciar as emoções.
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Manter rotina médica, visando prevenir e controlar doenças já estabelecidas.
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Buscar e manter sentido para a vida, valorizando sonhos, projetos etc.
Devemos perceber a velhice com otimismo, como uma dádiva da vida, que pode trazer satisfação e alegria de viver. Que o transtorno da depressão, por exemplo, pode ser tratado e controlado como já mencionado. Considerar que o simples fato de estar vivo nos oferece a oportunidade de escolher como podemos agir para enfrentarmos as adversidades e perdas que a vida naturalmente impõe para todos os seres humanos. “