Destaco hoje o bem elaborado artigo, de Laís Schulz, fotógrafa e produtora de conteúdo, publicado semana passada no LinkedIn, chamando nossa atenção para o medo (tema já tratado algumas vezes por aqui), destacadamente para os inimigos internos que nós mesmos criamos (produtos da nossa mente) e que comprometem a nossa evolução, a nossa plenitude, ou até mesmo nos paralisam.
Segundo a abordagem, a meu ver bastante plausível, o medo pode ser substrato (essência) do pessimismo. Ou seja, desacreditar, não botar fé, ficar na defensiva, é não querer buscar, desbravar, assumir riscos. Olha aí, em outras perspectivas, o porquê de tanta gente estacionada e engrossando a massa dos que preferem o menor esforço, a mesmice, permanecer na tão propalada “zona de conforto”.
O recomeçar, o abraçar novas e desafiadoras causas, motivo principal da argumentação trazida pela autora, é importante e instigador para um viver ativo, que propicie crescimento pessoal/profissional e realização. Gostei bastante da publicação, a começar do título, em especial porque o assunto me tocou diretamente, ao recordar algumas mudanças mais abruptas – e até mesmo recomeços profissionais – que enfrentei até aqui, compreendendo mudanças de cidade, cujo balanço é absolutamente positivo, a despeito dos naturais medos e incômodos de cada um desses processos, inclusive para os meus familiares.
Entretanto, como tudo na vida, entendo ser preciso equilíbrio e uso da dosagem certa. Se tiver que recomeçar, vá firme. Apenas não faça disso uma constante (de muita frequência) em sua vida, pois assim a instabilidade dominante pode trazer efeitos contrários desestabilizadores, sob variados aspectos.
Temos aqui, portanto, uma oportunidade de reflexão mais do que válida, importante e, na minha percepção, necessária. Aliás, serve também como estímulo para que o leitor exerça o autoconhecimento, caminho a ser trilhado sempre, sem ponto de chegada!
Tire o melhor proveito da leitura. A seguir:
“Renda-se aos recomeços
Imagem: Unsplash
Laís Schulz
Recomeçar. Do zero. Do começo. Voltar. Destruir. Reconstruir.
O pavor de fazer tudo de novo. O pavor de ter que planejar, projetar, colocar em ação, errar, acertar. O medo de passar por tudo aquilo novamente e ainda ter que encontrar energia pra mudar, inventar, criar e fazer melhor.
Quantas vezes você já teve que recomeçar?
Quantas vezes você já precisou transformar sua vida? Deixar um emprego e começar em outra empresa, da posição mais baixa? Mudar de casa, cidade ou país e começar uma nova vida?
Não é fácil abandonar o passado, deixá-lo para trás – ou ao menos uma parte dele. Parar de se agarrar na segurança do que você conhece e abraçar o incerto. Pular de paraquedas sem saber muito bem onde vai aterrissar.
Dar este salto de fé é desafiador. Mesmo quando nos encontramos em uma situação desconfortável. Ainda assim, encontramos dificuldade em abandonar a zona de conforto.
Isso porque no presente temos a certeza, sabemos exatamente onde pisar, sabemos o que nos machuca e o que nos faz feliz. Está tudo na nossa frente, é palpável, é real.
Enquanto isso, o futuro, as mudanças e tudo aquilo que não conhecemos é um território novo e misterioso. Não existe, está na nossa mente e basta.
O novo, o inexplorado, o incerto, o que não existe. Tudo isso gera desconforto.
Não existe nada palpável, nada em que possamos nos apoiar. E aí divagamos sobre tudo, tudo que pode acontecer e, principalmente, tudo que pode dar errado.
Não porque somos pessimistas, mas, porque temos medo de quebrar a cara. Temos medo de precisar recomeçar e acabar no meio do nada, em um território desconhecido e inexplorado.
E o medo causa uma dor excruciante. O medo é paralisante.
Por isso é tão difícil deixar o passado ir. Mesmo que ele te machuque, mesmo que te desaponte. Mesmo que seja um detalhe, uma pessoa, um objeto, um cargo.
Nós escolhemos nos agarrar ao que conhecemos, àquilo que é seguro.
Nós passamos a viver como sobreviventes de um naufrágio. Nos agarramos àquele único pedaço da embarcação destruída como se nossa vida dependesse daquilo. Daquela fração, daquele único fragmento.
E, por incrível que pareça, por mais incomodados que estejamos nos parece muito mais fácil viver à deriva rezando por um milagre. Rezando para que alguém nos encontre e nos leve à terra firme em vez de simplesmente começar a nadar.
Isso porque o medo de algo que não aconteceu e, possivelmente, nunca acontecerá nos paralisa.
No fim, não é a insegurança em si que é ameaçadora. A ameaça muitas vezes não está lá fora. Está dentro de cada um de nós. Somos nossos maiores aliados, mas também sabemos ser nossos maiores inimigos quando queremos.
Conhecemos nossos pontos fracos. Sabemos exatamente o que nos machuca e usamos isto como uma espécie de auto sabotagem. Nos agarramos aos pensamentos que nos impedem de seguir em frente, simplesmente porque temos medo.
Fazemos isto quando a verdade é que a maior parte dos obstáculos que enxergamos só existe dentro de nós. Eles estão em nossos pensamentos, fora da vida real. E isso se torna pior à medida que negamos a causa de nossa paralisia.
Precisamos entender que temos, dentro de nós, a força necessária para seguir, para recomeçar ou para simplesmente começar e continuar.
Mas, acima de tudo, precisamos compreender que o medo de ir não é razão para ficar, é razão para partir. Partir em busca de seus sonhos e de sua felicidade, seja lá o que isso significa para você.
Porque recomeçar não é um sinal de fraqueza, recomeçar é um sinal de coragem. Decidir recomeçar quer dizer que você foi corajoso o suficiente para abandonar tudo, deixar que a maré destrua o castelo de areia que você construiu para construir um novo, maior e mais forte no dia seguinte.
Portanto, renda-se. Recomece. E se precisar, recomece uma outra vez. “