Qualidade de Vida: vamos entender melhor do que estamos falando?

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É muito comum se fazer referência à expressão Qualidade de Vida (QV), sob as mais diversas circunstâncias e perspectivas. Entretanto, tenho notado que muitas pessoas compreendem de forma parcial, ou equivocada, o real significado dessa expressão. Diante disso, resolvi trazer para você algumas informações, definições e esclarecimentos a respeito de tão relevante tema. Vamos aos pontos que julgo essenciais!

Em primeiro lugar, quero chamar a atenção para dois aspectos:

  • QV não é algo definitivo, pronto, imutável, que você pode adquirir, que depende fundamentalmente do ambiente externo. Ao contrário, é uma percepção, ou sentimento de bem-estar, de como a pessoa acha que está a sua vida na atualidade, no momento, e que leva em conta diversos fatores objetivos e subjetivos, tangíveis e intangíveis, internos e externos;
  • Não confunda Padrão de Vida (PV) com QV. A qualidade de vida tem espectro bem maior e, entre as variáveis que a compõem, leva em conta o padrão de vida do indivíduo. PV diz respeito à capacidade de adquirir, de ter, de acumular, representativa das condições financeiras, patrimoniais e do próprio status social. Logo, o conceito de padrão de vida está diretamente relacionado com os aspectos materiais, objetivos, com as coisas tangíveis. Como sabemos, muita gente, a despeito de apresentar elevado PV, deixa a desejar em termos de QV, ao demonstrar infelicidade, adoecimentos (físicos e mentais), perda de autonomia, dependências diversas etc. Aliás, como será possível inferir, a análise da variável qualidade de vida é oportunidade para evidenciar que o dinheiro, apesar da sua importância, por si só não garante felicidade!

Observe, então, o conceito de Qualidade de Vida segundo a Organização Mundial da Saúde:

“É a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.”

A partir dessa definição, e com base em vasto material disponível no âmbito da Internet, elaborado por inúmeros especialistas, a percepção individual de QV resulta da sua satisfação com um conjunto de múltiplos fatores, interdependentes, que influenciam a vida humana, posto que a falta ou carência de apenas um deles pode comprometer a sensação de bem-estar do indivíduo. De acordo com as minhas vivência e compreensão, referidos fatores podem ser assim agrupados (ao menos os mais importantes):

–  Saúde (física, mental e espiritual), incluindo atividades físicas, dieta, ter autonomia etc.

Autoconhecimento (conhecer-se, encontrar sentido e estar em harmonia consigo mesmo)

Relacionamentos (harmonia nas relações afetivas, familiares, sociais, profissionais e com amigos)

Finanças (situação financeira, renda, patrimônio que atendam suas necessidades e expectativas)

Trabalho/emprego (que o exercício de alguma atividade, com vínculo empregatício ou por conta própria, esteja alinhado com os valores individuais, sirva como ocupação do tempo e da mente, proporcione realização e, de preferência, faça sentido para a pessoa, estando a serviço de um propósito, uma causa maior) 

Educação/desenvolvimento intelectual (adquirir conhecimento e desenvolver competências em geral traz gratificação e realização)

Segurança (sentir-se em proteção e livre de ameaças de qualquer natureza)

Lazer (encontrar tempo para desligar-se da rotina, fazer coisas prazerosas, dar atenção à família, socializar, cuidar dos relacionamentos que lhe são caros…)

Por outras maneiras de enxergar o tema, a par de diversas conceituações e significados que estão por aí, note este conjunto de fatores que compõem a sensação de QV, apresentado na figura abaixo, por Quality Total – PCQM, disponível na Internet:

Como se depreende do contido até aqui, a percepção de qualidade de vida é significativamente influenciada pelos objetivos que a pessoa estabelece para si e, ainda, pelo nível das suas expectativas. Assim, o excesso de ambição e a existência de expectativas sempre elevadas, criadas/alimentadas pelo próprio indivíduo, pode ser uma armadilha, dado o potencial psicológico, efetivo, de drenar a sua sensação de QV, ao gerar um permanente quadro de insatisfação e de ansiedade.

Nesse particular, entendo que se deva, sempre, contrabalançar os fatores ambição e expectativas (auto) impostas, de um lado, com a capacidade de aceitação e com o exercício da gratidão, de outro. Muitas vezes, quem sabe, você precise apenas reconhecer e valorizar o que já tem, ou o que está ao seu alcance!

Por consequência, tal estratégia de ponderação fará muito bem para a saúde integral e para o bem-estar, sem que restem prejudicados os naturais desejos pessoais de seguir evoluindo, o que pressupõe o estabelecimento de desafios e metas para novos resultados e marcos significativos, segundo a dinâmica da roda da vida.

Como visto, perceber qualidade de vida depende de variáveis externas, do contexto em que se vive. Mas, fundamentalmente, depende do próprio indivíduo, dos seus hábitos de vida, do quanto investe na sua saúde integral, dos seus comportamentos e das suas expectativas. Portanto, a autorresponsabilidade individual é muito importante. E tudo começa pela prática de hábitos saudáveis, entre os quais menciono, como exemplos, os seguintes grupos:

Cuidar do corpo e manter a forma física (gostar da imagem refletida no espelho é essencial), e isso requer cuidar da alimentação, fazer exercícios físicos, dormir bem, fazer check-up anual…

Cuidar das finanças (individual/familiar)

Manter-se relaxado e livre do estresse, respirando bem, praticando meditação, yoga, dança e outras técnicas/atividades relaxantes

Estar mais atento ao agora, escutar e dar mais importância à intuição, aprender a confiar na vida e em você, ser grato e ter mentalidade positiva.

Então, qualidade de vida é um “termômetro” que mede a sensação de bem-estar da pessoa no momento atual. Conforme demonstrado, esse estado decorre de um conjunto de fatores e atributos que são percebidos objetiva ou subjetivamente. Logo, guardam significativa relação com o planejamento pessoal de cada um, cujo projeto de vida, a ser elaborado (e seguido) o mais cedo possível, deve considerar algumas variáveis críticas sobre as quais tenho abordado em publicações diversas, e que de forma mais detalhada ocupam a segunda parte do meu livro LONGEVIDADE (Clovis Dattoli – selo Figurati).

Aliás, resta evidente que a qualidade de vida tem forte correlação com o aumento da expectativa de vida. Não é por acaso que elas caminham de mãos dadas. Assim, em virtude do fenômeno da longevidade, de um viver por muito mais tempo, que se registra consistentemente por todas as partes do planeta, diria que esse prolongamento da vida, como objetivo pessoal, só se justifica se a variável QV estiver presente.

O fato é que devemos buscar um viver com qualidade e com sensação de bem-estar na maior parte do tempo, ainda que determinados fatores externos estejam longe do ideal. Sem dúvida, isso é desafiador, mas é preciso. E essa busca, convenhamos, é primordialmente tarefa que compete a cada indivíduo!

Sobre JCDattoli

Este blog foi idealizado para compartilhar reflexões e discussões (comentários, frases célebres, textos diversos, slides, vídeos, músicas, referências sobre livros, filmes, sites, outros blogs) que contribuam para a realização e o crescimento do ser humano em toda a sua essência e nas dimensões pessoais e profissionais. Almejo que o ser humano se mostre cada vez mais virtuoso, atento e disposto a servir ao próximo em cada momento da sua existência. Atuei profissionalmente por quatro décadas, com bastante intensidade, nas áreas pública e privada. Ocupei de cargos técnicos a postos de chefia e direção. Neste novo momento, pretendo ajudar pessoas a atingir outros patamares na vida – e na profissão. Dedicarei parte do tempo para ações sociais/humanitárias (levar música ao vivo para casas de idosos é uma das frentes de atuação, iniciada em 2007), além de assegurar espaços na agenda para o exercício do autoconhecimento e para a meditação, no caminho da evolução pessoal permanente . Gosto de ler, de aprender coisas novas, de praticar atividades físicas e de cantar-tocar violão. A família e as amizades são preciosas matérias-primas na construção do bem viver. Apesar das incongruências, desencontros e descaminhos humanos, tenho por missão dedicar-me mais e mais às pessoas como contributo para um mundo verdadeiramente melhor!
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4 respostas para Qualidade de Vida: vamos entender melhor do que estamos falando?

  1. Excelente artigo. É importante redirecionar a meta: em vez de buscar um alto padrão de vida, buscar alta qualidade de vida. No final as pessoas geralmente se arrependem de ter lutado a vida inteira por dinheiro, status, poder, e de terem deixado de lado coisas que não tem preço, como a saúde física e emocional, o tempo na companhia da família e outros bens imateriais que dão real sentido à vida. Grato por compartilhar conosco!

  2. Paulo Roberto Bertaglia disse:

    Belíssimo texto meu caro Dattoli. Com grande dificuldade buscamos o equilíbrio de tudo que nos diz respeito. A ansiedade, um elemento pernicioso, se faz constante em nossas vidas, remetendo-nos a buscar cada vez mais, porém sem darmos conta de que aquilo que possuímos materialmente ou não já está suficiente para o nosso bem estar. Parabéns!!!

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