“Em que estágio da montanha você está?”

Conforme tenho explorado por aqui, a longevidade é um fenômeno real e crescente pelo mundo afora. As estatísticas comprovam que as pessoas estão vivendo mais e melhor. Assim, dado que a faixa da população com idade a partir dos 60 aumenta mais e mais, há uma massa de idosos que nem pensa em parar de trabalhar, enquanto outra parte deseja atuar em jornada parcial, ainda que seja como autônomo, profissional liberal ou com negócio próprio. Como consequência, o número desses trabalhadores mais experientes seguirá aumentando.

Nessa realidade, empresas no Brasil e no exterior já estabelecem cotas e atrativos para ter em seus quadros o que podemos chamar de talentos grisalhos, pois percebem a importância (e benefícios diversos) de poder contar em seus quadros com percentual de colaboradores que acumulam, simultaneamente, conhecimentos específicos e experiência comprovada.

Se você pretende seguir trabalhando na senioridade, se recolocar, experimentar novas carreiras/atividades, a questão-chave é: como deve se preparar para estar atualizado, antenado e, portanto, em condições de manter a empregabilidade já na condição de idoso?

A propósito disso, ou melhor, de fazer o planejamento pessoal e se preparar para seguir atuante profissionalmente após a meia-idade, reproduzo hoje o interessante artigo de Milton Beck, “Em que estágio da montanha você está?”, publicado mês passado no LinkedIn.

O autor oferece boas dicas (aspectos mais objetivos ou sutis) para os profissionais não-jovens, que se encontram para além da meia-idade, que querem ou necessitam seguir ocupando posições no mercado de trabalho e que, para tanto, precisam saber como se preparar, rever algumas atitudes etc. Apesar das naturais dificuldades impostas a esse público, da competição e de paradigmas ainda existentes em relação aos mais idosos, o texto deixa claro, com propriedade, que a idade mais avançada não é o limitador que muitos imaginam. Cabe, mais do que tudo, ressignificar conceitos e ajustar alguns comportamentos!

Confira a seguir. As dicas podem lhe trazer utilidade real!

“Em que estágio da montanha você está?

Por Millton Beck

No dia em que completou 104 anos, 15 de dezembro de 2011, o arquiteto Oscar Niemeyer foi trabalhar em seu ateliê. Na verdade, ele fazia isso como rotina, mas chegar àquela idade ativo – e reconhecido internacionalmente por suas criações – era, ao mesmo tempo, o motivo e a própria celebração. Com mais de 600 trabalhos ao redor do mundo, ainda dirigia vários deles e sonhava com novos, como um “belo projeto para Copacabana”. Aquele era seu último aniversário. Mas ele continuava disposto a aprender.

Tenho pouco mais da metade da idade a que chegou Niemeyer. Mas, há alguns anos, já sinto na pele o quanto a história dele ainda é exceção. Para muitas empresas e recrutadores, alguém com mais de 50 já pode ser considerado velho.

Antes de entrar no LinkedIn, fui dispensado  de uma seleção na área de marketing digital. A entrevistadora me considerou velho demais para o cargo, ficou claro. Embora me sentisse apto para a função (inclusive porque era responsável pelo lançamento de um famoso videogame no emprego anterior), percebi que precisava deixar isso mais claro na minha comunicação.

Depois de alguns anos, me vi no papel inverso. Indiquei um funcionário um pouco mais velho do que eu para trabalhar no LinkedIn. Estávamos em busca de alguém para a área de vendas. Lembrei-me do Domingos, com quem já havia trabalhado. Era o perfil exato que procurávamos. Sua idade era só um detalhe. Ele está na empresa até hoje, respondendo aos desafios do dia a dia de maneira excepcional, assim como qualquer excelente profissional, independentemente da idade, faria.

Partindo de experiências como a minha e a de Domingos, comecei a pesquisar sobre esse tema. Cheguei à conclusão de que é mais fácil ajustar a própria atitude do que mudar a mentalidade dos outros.

A seguir, compartilho algumas sugestões para quem já não é mais tão novo assim aumentar suas chances de sucesso na hora de buscar um trabalho.

1. Escolha a empresa certa. Embora não exista uma indicação objetiva sobre quais organizações têm mais oportunidades para profissionais mais velhos, é possível captar sinais que indiquem uma maior disponibilidade para esse perfil. Por exemplo, companhias menores tendem a ter planos de carreira menos complexos, valorizando profissionais do mercado em vez de formar os talentos dentro de casa. Além disso, tendem a ser mais flexíveis, o que facilita uma contratação fora do convencional.

2. Ative seus contatos. Além das entrevistas formais, marcar cafés para atualizar a conversa e contar seus planos para colegas de diferentes empresas e épocas da vida pode ajudar a encontrar uma oportunidade. Uma das vantagens de ficar mais velho é ter uma rede de contatos ampla e diversa.

3. Se a idade não é relevante, não foque nela. Muitos entrevistados reforçam a distância entre eles e os potenciais colegas quando fazem comentários como “quando você nasceu, eu já tinha cinco anos de experiência”. Evite chamar atenção para isso. É mais produtivo focar naquilo que o aproxima da companhia e de seus funcionários.

4. Não transforme seu currículo em uma aula de história. Um dos pontos mais fortes da experiência é justamente… a experiência. No entanto, ela deve aparecer em forma de capacidades atualizadas que correspondem às necessidades da empresa. Detalhar (no LinkedIn ou na entrevista) o que fazia quando o computador era artigo raro pode levar o recrutador a pensar que você é apegado demais a uma época que já passou.

5. Deixe claro que ainda não chegou ao cume. Um dos aspectos mais importantes em uma empresa é que os funcionários estejam motivados a aprender. Se um candidato indica estar na descida de sua montanha profissional – por exemplo, reforçando que gostaria de ter mais tempo com os netos – é provável que o entrevistador desanime. Deixe claro seus interesses, demonstre vontade de se superar e ampliar, ainda mais, sua bagagem.

6. Mantenha-se conectado. Participar de redes sociais e conhecer as novidades do mundo da tecnologia, em geral, é pré-requisito para se manter ativo em qualquer área. Vai ser difícil ser contratado se transmitir uma imagem que faça o entrevistador pensar que você não sabe manusear um smartphone, por exemplo. Atualize seus perfis, fora e dentro da rede.

Acredito que a mescla de gerações e faixas etárias pode revelar um ganho para todo o time. Gosto muito de trabalhar com pessoas que, sim, têm idade para serem meus filhos. Em alguns momentos, eu e outros colegas somos referências por nossa experiência de vida. Em outros, somos nós que aprendemos sobre as novidades do mundo com os mais jovens. O importante é manter o topo da montanha sempre alguns passos adiante.

Veja a publicação original em: https://www.linkedin.com/pulse/em-que-est%C3%A1gio-da-montanha-voc%C3%AA-est%C3%A1-milton-beck/ 

Sobre JCDattoli

Este blog foi idealizado para compartilhar reflexões e discussões (comentários, frases célebres, textos diversos, slides, vídeos, músicas, referências sobre livros, filmes, sites, outros blogs) que contribuam para a realização e o crescimento do ser humano em toda a sua essência e nas dimensões pessoais e profissionais. Almejo que o ser humano se mostre cada vez mais virtuoso, atento e disposto a servir ao próximo em cada momento da sua existência. Atuei profissionalmente por quatro décadas, com bastante intensidade, nas áreas pública e privada. Ocupei de cargos técnicos a postos de chefia e direção. Neste novo momento, pretendo ajudar pessoas a atingir outros patamares na vida – e na profissão. Dedicarei parte do tempo para ações sociais/humanitárias (levar música ao vivo para casas de idosos é uma das frentes de atuação, iniciada em 2007), além de assegurar espaços na agenda para o exercício do autoconhecimento e para a meditação, no caminho da evolução pessoal permanente . Gosto de ler, de aprender coisas novas, de praticar atividades físicas e de cantar-tocar violão. A família e as amizades são preciosas matérias-primas na construção do bem viver. Apesar das incongruências, desencontros e descaminhos humanos, tenho por missão dedicar-me mais e mais às pessoas como contributo para um mundo verdadeiramente melhor!
Esse post foi publicado em Motivação e crescimento humano, O ser humano no contexto das organizações. Bookmark o link permanente.

4 respostas para “Em que estágio da montanha você está?”

  1. Life Style disse:

    Espero que tenha muito sucesso!
    Gosto bastante do conceito do seu blog 🙂

  2. Pingback: Sinais de que você está experimentando uma mudança para uma melhor vibração | O Bem Viver

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