Este é o tipo de reflexão que as pessoas precisam fazer, o quanto antes: como querem chegar aos 60, aos 70, aos 80, aos 100 anos, fazendo o que, em que condições? Nessa perspectiva, a pessoa precisa considerar os seus diferentes ciclos (etapas) da vida, que incluem também os papéis profissionais a desempenhar, ainda que gozando do benefício da aposentadoria, pois a longevidade crescente indica que há muita vida pela frente, há muito o que se reinventar.
E pelo que constato da atuação nessa área, muita gente ainda resiste em pensar sobre isso, a estabelecer um bom projeto de vida para os anos futuros, para o pós-60, e a planejar convenientemente a sua aposentadoria. Como tenho dito, e escrito, até para maior conscientização geral a esse respeito, o prêmio da longevidade, para ser aproveitado plenamente (e não desperdiçado), requer atitudes que começam desde agora, desde cedo, já. O mote é: já que você vai viver mais, não abra mão de planejar o seu futuro!
E esse planejamento, como dito aqui em diversas oportunidades, necessita ser trabalhado em várias dimensões, desde o autoconhecimento, passando pelos relacionamentos, pela saúde e qualidade de vida, pelas finanças pessoais e familiares, até chegar na preparação permanente, que promova o desenvolvimento de talentos e a obtenção de novas competências, de maneira que a pessoa não deixe de estar atualizada, com potencial de utilidade e de empregabilidade (ou de sustentabilidade) ao longo do tempo.
A propósito disso, encontrei bom reforço (e pleno alinhamento) nesta postagem feita no blog LONGEVIDADE: MODO DE USAR, trazendo interessante abordagem feita pela professora britânica Lynda Gratton, co-autora do livro “The 100-year life: living and working in an age of longevity”, a partir da sua observação de que as pessoas ainda postergam o pensar na própria aposentadoria. Veja a seguir:
Por que as pessoas se negam a pensar na aposentadoria
Assunto deveria ser discutido com os mais jovens, porque planejamento tem que começar cedo
Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro
Vejam se não é paradoxal: embora todos sonhem com uma aposentadoria na qual seja possível colher os frutos de toda uma vida de trabalho, a maioria prefere não dedicar muita atenção ao assunto até a meia-idade, ou mais… Mas como conseguir realizar os planos de viajar, ou ter disponibilidade para se dedicar a ajudar os outros, se não houve planejamento prévio para garantir um lastro nessa fase? Pode ser que a resposta esteja relacionada ao medo de envelhecer, à constatação da aproximação do fim, ao receio de enfrentar um período de fragilidade. Se for isso, mais um motivo para estar preparado como uma boa formiguinha, e não como uma cigarra. Portanto, o melhor é começar a pensar e a falar sobre isso o quanto antes, colocando a família toda na roda de conversa. Filhos adolescentes ou em início de carreira, netos, todos se beneficiarão com uma discussão aberta sobre como economizar para o futuro. Afinal, não gastamos um bom tempo na hora de escolher um roteiro de férias? Por que não fazer o mesmo quando se trata da aposentadoria?
Lynda Gratton, professora da London Business School e coautora do livro “The 100-year life: living and working in an age of longevity” — Foto: YouTube
Lynda Gratton, professora da London Business School e coautora do livro “The 100-year life: living and working in an age of longevity” (em tradução livre, “A vida de 100 anos: vivendo e trabalhando na era da longevidade”), costuma dizer que metade das pessoas na faixa dos 60 – possíveis leitores desse blog – viverão até os 100 anos. Acompanharão não apenas o crescimento dos netos, mas também dos bisnetos. Portanto, são pelo menos mais 30 anos pela frente, mas temos que nos empenhar para que signifiquem oportunidades e experiências, e não angústias e privações. Para começar, é importante levar em conta que só está realmente aposentado quem para de trabalhar por completo, o que é cada vez mais raro hoje em dia. Bom papo para o almoço de domingo, porque os jovens têm que saber que provavelmente terão uma nova carreira depois dos 50 ou 60 (há consultores que a chamam de pós-carreira, mas prefiro que tenha o frescor de uma novidade). Talvez um hobby do passado que possa se transformar em profissão; ou um desdobramento da sua antiga atividade. É o tipo de reflexão que os ajudará na escolha profissional. Lynda afirma que não se pode mais apostar num saber generalista: “não temos como competir com Wikipedia e Google, é preciso dominar alguma área para ganhar relevância. Por isso, é importante focar em algo que amemos fazer, para nos especializarmos”.
Ótimo post, Dattoli. Tema muito oportuno,ainda mais com o avanço etário da população. Parabéns!
Grato pelo incentivo, caro Arnaldo!!!
Abração.
As novas gerações não encaram a reforma como nós.
Aliás, eles acham que não vão ter direito à reforma. Começam a trabalhar tarde, os empregos são precários e iniciam muito tardiamente a sua contribuição para a segurança social.
Em Portugal, em poucos anos, a reforma passou dos 60 para os 66. E aumentará mais, porque com os problemas de natalidade e o aumento da longevidade, não estou a ver outra solução.
A geração dos meus filhos, a que está agora entre os 30 e os 40 anos, não têm a perspectiva que eu ainda tenho de aproveitar uns anos como aposentada e espero, com saúde e alguma qualidade de vida.
Contudo, eles, mais do que qualquer outra geração, deveriam pensar desde já nesse futuro, especialmente a nível monetário. Porque o resto do processo está ainda demasiado…demasiado longínquo!
Verdade, Dulce. Por conta da longevidade crescente, as regras previdenciárias (aposentadoria oficial) serão modificadas/ajustadas com certa frequência, pelas várias nações, o que reputo natural. Mas é fato que cada cidadão deve zelar pelo seu planejamento pessoal, em especial para o tempo do envelhecimento pós-60 anos, desde cedo. Para os mais jovens, cuidar dos fatores finanças pessoais e saúde é boa estratégia de começo, pois formam lastro para o desfrute da maturidade e da aposentadoria. Estar consciente e tomar atitude real sobre o projeto de vida é essencial. Com o passar da idade, outros fatores vão se incorporando ao projeto, que precisa ser adequadamente abrangente e refletir a dinâmica dos contextos e cenários.
Muito grato pelo seu comentário!!!