Considerando o substancial aumento da população idosa pelo mundo, soluções precisam ser encontradas para atender aos interesses (e exigências) desse público que não para de crescer. Nesse contexto, o item habitação – e suas facilidades – é um dos mais importantes desafios.
Sobre isso, fiz menção a algumas experiências exitosas no livro LONGEVIDADE, publicado no semestre passado, além de algumas postagens aqui no blog, trazendo exemplos de soluções já adotadas, como a convivência em um condomínio de amigos, todos idosos, em Cuenca, Espanha, a existência de condomínios de casas e também de apartamentos, que vão surgindo aqui e acolá, como alternativa para os tradicionais abrigos de idosos.
Agora, tomei conhecimento de interessantes arranjos residenciais que vêm se popularizando na Alemanha, conforme relatado em matéria de Karina Gomes, publicada no site DW, que reproduzo abaixo. Trata-se de soluções criativas para o público do pós-60, por variados aspectos, que tudo indica resultam na “equação ganha-ganha”. Por isso, servem, sobretudo, como subsídios para iniciativas dessa natureza a serem adotadas em nosso país!
Confira a seguir:
“Repúblicas para idosos na Alemanha
Envelhecer sozinho ou em asilo está fora de questão para muitos aposentados alemães. Por isso, muitos acima dos 65 anos escolhem viver em moradias compartilhadas com outros idosos ou até com estudantes.
É hora de encolher o passado, empacotar as lembranças e se mudar da antiga casa onde cresceram os filhos. Mas muitos não querem que o asilo seja a última parada. Cada vez mais idosos que vivem na Alemanha decidem curtir a velhice em comunidade, permanecendo ativos e independentes. Com 17 milhões de pessoas com 65 anos de idade ou mais, que representam pouco mais de 20% da população, o país vive um boom de repúblicas para idosos.
Os moradores ajudam uns aos outros e, às vezes, cozinham juntos. Cada um acomoda a longa vida em poucos metros quadrados, num quarto com banheiro, e compartilha a cozinha e outros espaços da casa. As repúblicas costumar ter boa localização, perto de padarias e supermercados, para facilitar a locomoção dos moradores.
Cada um organiza o que irá fazer no tempo livre: dormir, andar de bicicleta, ir ao cinema ou tomar um café com um colega de WG (abreviação para “república”, em alemão) num local próximo.
Além do aluguel, os moradores costumam pagar uma taxa adicional para que uma pessoa contratada auxilie na limpeza e na preparação da comida. Ainda assim, tudo fica mais barato do que num asilo, que sempre implica altos custos. Na internet, há sites especializados de busca de WGs para pessoas com idade a partir dos 50 anos.
Outros modelos de compartilhamento de moradia funcionam como alternativa ao Altersheim (asilo). Muitos idosos que querem uma companhia alugam quartos em suas próprias casas a estudantes por preços abaixo do mercado. Em troca, esperam ter ajuda com as compras, a preparação das refeições e o trabalho doméstico. Há projetos em várias cidades alemãs para conectar jovens e idosos para que compartilhem a vida.
Esse princípio é semelhante às “casas multigeracionais” (Mehrgenerationenhaus, em alemão), onde aposentados convivem com famílias jovens e com crianças pequenas que dependem de moradia social. O aluguel dos quartos é bem mais barato. O princípio é viver em comunidade, fazendo as refeições juntos e compartilhando momentos de conversas e distração. Atividades em comum são frequentes.
Outro modelo que ganha popularidade é o Seniorendorf, em que aposentados alugam uma casa em pequenas vilas construídas para casais e solteiros acima dos 65 anos. No condomínio, os moradores compartilham os anos de velhice juntos, com festas, hortas conjuntas e passeios coletivos. Muitas dessas vilas são construídas com financiamento coletivo, e o dinheiro doado pelos futuros moradores é descontado do valor do aluguel.
Com esses modelos alternativos, a solidão não tem vez, e a experiência de envelhecer ganha novos significados.
No dia em que as pessoas alcançarem uma consciência de saúde e tiverem força de vontade, para colocá-la em prática, viver cem anos ou mais, na plenitude de capacidade mental e, no melhor de sua produtividade intelectual, não se constituirá em nenhuma novidade. Necessário se faz, inclusive, da restauração de alguns conceitos e substituição de outros, que passam pelos nossos sentimentos, a fim de se possa alcancar uma longevidade saudável feliz. É como penso, salvo melhor juízo.
Perfeito, estimado Landim!
Essas novas formas de habitar, somadas a outras tantas que vão sendo arranjadas por aí afora, evidenciam haver um número crescente de idosos que quer ser ativo, pleno e feliz no segundo tempo da vida. Eles demonstram, na prática, dizer sim para a vida e que os anos acumulados não devem ser paralisantes. Têm mindset positivo e vão tirar o melhor proveito desse fenômeno que é a longevidade em expansão!
De outro lado, percebo, felizmente, que o nível de consciência das pessoas, no geral, vem se ampliando a esse respeito.
Abraço e grato por mais esse comentário!!!