Voltando com o tema EDUCAÇÃO, reproduzo hoje um texto oportuno e inteligente, de Alex Bretas, que vi publicado no blog ZÉducando. O autor nos instiga a refletir sobre a realidade atual do sistema de ensino predominante nas universidades e, o que é mais importante, para a necessidade de modernização e adaptação dos métodos educacionais à luz da realidade – e demandas – do mundo atual, de efetiva participação, de democracia que seja verdadeira e de pessoas conectadas e cada vez mais atualizadas.
A exemplo de alguns já existentes, novos modelos de aprendizado precisam ser oferecidos para atender às gerações mais jovens, forjadas na rapidez, no uso intensivo de tecnologia, em ambiente de liberdade e, de forma crescente, em atuação de construção coletiva (compartilhada). Como diz o autor: “não dá mais para esperar”!
Vale a pena a leitura. Confira a seguir:
“Precisamos falar sobre a (crise da) universidade tradicional
Porque a educação superior tem falhado nas suas missões e quais novas alternativas estão surgindo
O colapso não é só da educação. É de uma visão de mundo inteira. Se você é estudante universitário ou se já passou por essa experiência, provavelmente sentiu que algumas coisas não estavam nos seus devidos lugares. Ou, talvez, elas repousavam tanto sobre seus devidos lugares que impossibilitavam qualquer mudança efetiva. Hierarquia, competitividade exacerbada, egos inflados, autoritarismo de professores, estruturas engessadas, falta de propósito e pertencimento verdadeiros. Fato é que, ainda que tais fatores estejam presentes de maneira endêmica em todos os cantos de nossa sociedade, na universidade eles parecem incomodar ainda mais.
Talvez a inquietação extra seja pelo frescor da juventude associado ao contato de alguns com filósofos, sociólogos, educadores e historiadores corajosos, que não se furtaram a denunciar a crise de humanidade que estamos vivendo. Crise de democracia — da qual carecemos em seu sentido maiúsculo, ou seja, um sistema de decisões e ações pautado na autonomia do sujeito, contrário ao fantoche de democracia que nos acostumamos a enxergar nos Estados-nação. Isso tudo pode parecer que está longe, mas está perto. Está fazendo as pessoas adoecerem.
Caminhando em outra direção, mas no mesmo sentido, um estudo de 2013 da Universidade de Oxford aponta que até 47% dos empregos nos Estados Unidos serão extintos nos próximos 25 anos em função da tecnologia. Em todo o mundo, novas profissões e formas de trabalho estão surgindo a cada instante. Pessoalmente, acredito que a missão da universidade é muito mais ampla do que formar profissionais para o mercado, mas, ainda assim, não podemos ignorar que está cada vez mais difícil permanecer “empregável”. E se nossas instituições educacionais continuarem nos fazendo engolir sem digerir conteúdos que outros agentes — a burocracia estatal, a coordenação do curso, os professores — definiram como importantes, essa realidade será bastante difícil de mudar.
O que ocorre é que as pessoas estão afim de se expressar. Nós queremos ser valorizados pelos nossos tesouros internos, pelas nossas potencialidades, e queremos conhecer e trabalhar com a potencialidade do outro. As decisões em relação a nossas aprendizagens, nós é quem precisamos tomá-las. Se o mundo acadêmico está doente e o mercado se transforma a cada instante, então o que nos resta é assumir o controle da nossa educação. Por muito tempo, nos referimos a quem faz isso como autodidata, aquele serzinho meio antissocial e totalmente nerd que corre por fora do sistema. Chegou a hora de ressignificar a figura do autodidata — talvez criando um novo nome, aprendiz autodirigido — , no sentido de alçá-la a um novo patamar. Afinal, se Albert Einstein, Santos Dumont, Joseph Campbell, Jimi Hendrix, Frida Kahlo e Aaron Swartz tinham algo em comum, é que todos eles eram autodidatas.
Aprender de maneira autodirigida não precisa (nem deve) ser um caminho solitário. Diversos projetos ao redor do globo estão partindo desse princípio para recriar o conceito de universidade, agrupando gente em torno de estudos e ações significativas. É o caso por exemplo da Swaraj University, na Índia, que busca regenerar culturas locais por meio do estímulo à aprendizagem autônoma, da Wayfinding Academy, nos Estados Unidos, que questiona as métricas tradicionais de sucesso a fim de ampliar a liberdade dos estudantes, e até mesmo do Classroom Alive, na Suécia, um modelo open source de aprendizado que conjuga momentos de estudo independente com jornadas coletivas a pé ou de bicicleta.
No Brasil, também surgem novas possibilidades. A Multiversidade é um espaço que nasceu para reunir pessoas em torno de uma outra visão de mundo, a qual se reflete em seu paradigma educacional baseado em comunidade, autenticidade e liberdade. Nosso propósito é potencializar a construção de conhecimento a partir das questões que mais movem as pessoas, de modo a incentivá-las a colocar em prática projetos reais junto com mentores e outros aprendizes. Não há disciplinas obrigatórias, provas nem professores no sentido tradicional, e sim oportunidades de aprendizagem, portfólios e facilitadores.
Não dá mais para esperar.
Obs.: Este artigo foi originalmente publicado no Medium do autor. “
Publicado em – https://joserosafilho.wordpress.com/2017/10/07/precisamos-falar-sobre-a-crise-da-universidade-tradicional/.
Aliado a tudo isso, penso que poderia acrescentar aí, a falta de perspectiva dos jovens, falta de valorização dos docentes.
Talvez também mudar a didática para que fique mais dinâmica e mais avançada. É difícil expressar algo, porque precisaria estar mais por dentro de todo contexto.
Valeu, Lúcia!!!