Neste espaço aberto para as artes, aos fins de semana, faço referência a comentário das professoras Regilma Varela e Eliza Viana, da Escola Municipal Professora Francisca Avelino, Taipu-RN, registrado a propósito de postagem anterior que fiz aqui sobre o poema RECOMECE, de Bráulio Bessa. Elas, gentilmente, transcreveram, com merecidos elogios, outra poesia desse genial poeta cearense, que além de bela é por demais oportuna, por conta de tudo o que temos passado no Brasil. Como não poderia ser diferente, segue a reprodução do poema, abaixo.
Vejam que reflexão e que conclusão trazem o poeta, em seus versos, ao buscar entender A ORIGEM DA FOME. Pura genialidade!
E para trazer a devida emoção, assistam ao vídeo com Bráulio Bessa declamando o referido cordel, logo a seguir:
A origem da fome
Eu procurei entender
Qual a receita da fome
Quais são seus ingredientes
A origem do seu nome
Entender também porque
Falta tanto o de comer
Se todo mundo é igual
Chega dá um calafrio
Saber que o prato vazio
É o prato principalDo que é que ela é feita
Se não tem gosto, nem cor
Não cheira, nem fede a nada
E o nada é seu sabor
Qual o endereço dela
Se ela tá lá na favela
Ou nas brenhas do sertão
É companheira da morte
Mesmo assim não é mais forte
Do que um pedaço de pão!
Que rainha estranha é essa
Que só reina na miséria
Que entra em milhões de lares
Sem sorrir, com a cara séria
Que provoca dor e medo
E sem encostar um dedo
Causa em nós tantas feridas
A maior ladra do mundo
Que nesse exato segundo
Roubou mais algumas vidas!Continuei sem saber
Do que é, que a fome é feita
Mais vi que a desigualdade
Deixa ela satisfeita
Foi aí que eu percebi
Por isso que eu não a vi
Eu olhei pro lado errado
Ela tá em outro canto
Entendi que a dor e o pranto
Era só seu resultado!Eu achei seus ingredientes
Na origem da receita
No egoísmo do homem
Na partilha que é má feita!
E mexendo num caldeirão
Eu vi a corrupção
Cozinhando a tal da fome
Temperando com vaidade
Misturando com maldade
Pro pobre que lhe consome!Acrescentou na receita
Notas superfaturadas
1 K de desemprego
30 verbas desviadas
Rebolou num caldeirão
20 gramas de inflação
E 30 escolas fechadas!Sendo assim,
Sendo assim, se a fome é feita
De tudo que é do mal
É consertando a origem
Que a gente muda o final
Fiz uma ponte ligeiro
Se juntar todo dinheiro
Dessa tal corrupção
Mata fome em todo canto
E ainda sobra outro tanto
Pra saúde e Educação!
(Bráulio Bessa).
Muito bom, vou reproduzir no ZEducando. Abs.
Obrigado, Zé Rosa. Vamos nessa!!!
Pingback: A origem da fome | ZÉducando
Poema maravilhoso e intenso pena que é real. Ele é um poeta genial merece todo nosso respeito e admiração. Parabéns
Obrigado pelo comentário, Maria Olga!
Nossos aplausos para o poeta!
Forte abraço.
Clovis
Obrigada! Isso foi um presente.
Eu que lhe agradeço, Maria Lúcia, pelo feedback e pela visita ao blog!
Muito bom! Vc sabe transformar um tema em poesia de tal forma, que nos faz chamar atenção. Parabéns pelo seu potencial.
Sem dúvida, caro Bezerra. O poeta Bráulio Bessa é mesmo fora de série!
Grato pela visita e pelo comentário!
Esse poema foi um dos textos mais lindos que já vi e ouvi, tanto pela escrita retratando os problemas sociais de forma crítica, como pela maneira como as rimas estão apresentadas.
Obrigado pelo comentário, Maria da Conceição.
Feliz 2018!
Olá. Em verdade, o poema de Bráulio Bessa é uma distorção do poema original (este sim, profundo e riquíssimo na sua precisão) do cordelista Antônio Francisco. A impressão que tenho, lendo o poema origina e a cópia distorcida, é que Bráulio Bessa aplicou o “padrão globo de desqualidade” ao poema para lhe conferir o tom que atende ao público cativo da emissora. Abraço, e, Felicidades.
Olá, Walterney. Muito grato pela sua visita ao blog e pelo comentário!
Diante do seu registro, cabe-nos aplaudir o cordelista Antônio Francisco. Valeu!
Abraços.