Retorno ao tema emoções, objeto do post do último dia 19 (https://obemviver.blog.br/2014/08/19/emocoes-reflet…-sobre-a-raiva/) para falar especificamente sobre o sentimento de CULPA. Esse tipo de emoção que não ajuda, ao contrário, em muito nos atrapalha. Na verdade, a culpa funciona negativamente para a pessoa e se insere no conjunto do que se chama de pensamentos limitantes, formando padrões mentais negativos que geram a danosa baixa autoestima.
Impõe a cada um de nós aprender a lidar inteligentemente com algum erro que possamos ter cometido, compreendendo a imperfeição como algo inerente ao ser humano, de maneira a não incorrermos na autopunição. Ficar culpando a si próprio, com excesso de crítica e até mesmo de ódio não é nada positivo. Uma coisa é analisar o erro cometido para evitar a sua ocorrência em momento futuro. Isso, sim, é aprendizado, é evolução! Outra é ficar sofrendo e se limitando!
Eis o que disse Sêneca, famoso escritor e intelectual do Império Romano (4. a.C – 65 d.C):
“A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado.”
E para explorar o assunto um pouco mais, transcrevo texto da Psicóloga Luciana Souza, com o título EMOÇÕES DANOSAS III: CULPA, publicado em https://www.facebook.com/pages/Psic%C3%B3loga-Luciana-Souza/254259118118668?fref=ts:
“Sempre que fazemos uma avaliação negativa sobre alguma atitude, pensamento ou sentimento que tivemos…nasce a culpa.
Culpa por ter feito, por não ter feito, por ter sentido, por não ter sentido, por ter perdido o controle, por ter escolhido errado…Culpa por comer demais, por gastar demais, por amar demais.
A culpa está envolvida pelo sentimento de frustração, de impotência, pela tristeza, pelas insatisfações da vida. Muitas vezes vem acompanhada de insegurança e de crenças distorcidas sobre nossa competência pessoal.
Parceira da autopunição, a culpa nos convida a um estado de vitimização. E quanto mais nos sentimos vítimas, mais nos sentimos culpados por tudo.
Essa emoção coloca você contra você mesmo. E a pessoa ou situação que faz a gente se sentir culpado acaba sendo o nosso mestre, tendo poder sobre nós.
Para a psicologia humanista existencial de Carl Roger o sentimento de culpa é uma limitação no processo de auto-realização do ser humano. Pois quando ficamos aprisionados nela, permanecemos encarcerados nos nossos erros e no nosso passado. E então, nos punimos e criamos autossabotagens que prejudicam nosso crescimento.
Definitivamente, não existe culpa no universo. Esse sentimento foi uma invenção do ser humano para criar amarras e conquistar poder sobre o outro. Sempre que você se sentir culpado pense o quanto você pode estar permitindo que o seu ego esteja atuando como um grande general severo com você.
Procure pensar que a consequência das nossas ações são questões ligadas à lei universal de causa e efeito.
E lembre-se que todos nós cometemos erros. Errar é humano. Não existe perfeição quando se trata de nós, seres humanos.
Você não precisa mais se sentir culpado pelos seus erros ou pelo o que você considera que fez de errado. Olhe para você com compaixão!”
(Texto de Luciana Souza – Psicóloga)
É verdade! A culpa muita vezes nos impede de caminhar. Eu tenho muito isso. Sempre que algo não da certo, eu começo a me senti culpada. E fico muito triste. Mas é um processo de longas datas que não consigo mudar.
Beijos
Lúcia, diria que o esforço para superar – ou minimizar – esse tipo de pensamento limitante vale muito a pena! Obrigado pela interação.
Excelente texto! Muito esclarecedor, especialmente naqueles casos em que a pessoa se sente impedida de continuar tocando sua vida “normalmente”. Por outro lado, acredito que se esta memória viva, este registro que serve como um farol a nos alertar para que não voltemos a trilhar caminhos tortuosos, for taxado de um sentimento de “culpa” a ser combatido, ficaremos a mercê das circunstâncias, sem referências sobre nós mesmos. Não consigo imaginar como o mundo passaria a ser sem a lembrança de nossos erros do passado ou o conhecimento (registrado em nossas consciências) de nossas imperfeições. Se por um lado o sentimento de culpa pode nos imobilizar para gozar uma vida plena, em outro viés, o descompromisso com nossos erros ou vícios, o banimento da memória de nossas falhas de caráter ou de personalidade, pode nos tornar indiferentes ou inconsequentes, seja em relação a nossa vida ou a daqueles que nos rodeiam. Acredito que a consciência de nossas imperfeições, de nossas fraquezas (que só é possível graças à lembrança esclarecedora de nossos erros do passado), também nos permite progredir, nos permite avançar. Portanto, acho que este sentimento de culpa não deveria apenas ser condenado e combatido, deveria, antes, ser transformado em um registro útil a servir como uma referência permanente para nossos próximos passos nesta tão difícil jornada existencial. Quem sabe assim a gente consiga errar um pouco menos no presente e, consequentemente, ter menos motivos para voltar a ser assombrado pela culpa no futuro?
Obrigado, Marcello, pelo seu rico comentário! E de fato é isso mesmo. O segredo é como se encarar o fato. Como eu disse na apresentação do texto, o erro deve ser analisado como aprendizado, para evitar recorrências. Agora, o que não pode acontecer é a pessoa ficar refém daquela situação negativa passada, cultivando sentimento de culpa, que só prejuízos lhe trará!
Abraço.